segunda-feira, março 30, 2009

Kaldor versus Solow, Debate sobre Teorias do Crescimento Econômico

Nesse semestre, estou cursando a disciplina de Macroeconomia II, que trata das principais teorias do crescimento econômico. Nela, lemos semanalmente um dado número de artigos, livros, ou capítulos do manual do Barro & Sala-i-Martin, e respondemos uma lista de exercícios. Nessa semana, a professora pediu que estudássemos o modelo de Solow e comparássemos suas conclusões com as conclusões tomadas pela teoria de Kaldor (1963), apresentadas pelo autor na forma de "fatos estilizados".

Barro & Sala-i-Martin (1995), fazendo referência a Kaldor (1963), citam seis fatos estilizados, considerados como regularidades empíricas, referentes ao crescimento econômico:

Primeiro, o produto per capita de uma economia tende a crescer ao longo do tempo com taxas não decrescentes. No modelo de Solow, os rendimentos marginais decrescentes do capital tendem a extinguir, no estado estacionário, o crescimento do produto per capita da economia impulsionado por investimentos. Isto é, como a produtividade do investimento é decrescente e a taxa de depreciação do capita é constante, há um ponto no processo de acumulação que não é mais interessante para o agente representativo poupar para investir em quantidades superiores ao necessário para repor o capital físico depreciado. Contudo, mesmo no estado estacionário, a economia pode continuar crescendo sustentadamente pelo progresso tecnológico.

Segundo, o capital físico por trabalhador tende a crescer ao longo do tempo. Como, no modelo de Solow, a propensão a poupar, o crescimento populacional e a depreciação do capital fixo são constantes, a acumulação de capital por trabalhador segue uma trajetória positiva até atingir o estado estacionário, isto é, no ponto em que a produtividade marginal decrescente do capital desincentiva que o volume de produto poupado para investimentos seja superior a sua taxa de depreciação mais o crescimento populacional.

Terceiro, a taxa de retorno do capital é aproximadamente constante. Na teoria de Solow, isso não é verdade. O capital tem produtividade marginal decrescente, isto é, quanto mais abundante for o capital em uma economia, menor é sua taxa de retorno, até o ponto em que o incentivo a novos investimentos em capital além da reposição de sua depreciação desapareça. Contudo, a economia pode continuar crescendo em termos per capita impulsionada pelo progresso tecnológico.

Quarto, a proporção de capital no produto é aproximadamente constantes. Essa afirmação parte do pressuposto de que a produtividade marginal do capital é constante. Como já visto, no modelo de Solow essa produtividade é decrescente, de modo que a razão capital-produto tende a aumentar até chegar no estado estacionário, a partir de quando torna-se constante, ou mesmo decrescente, se o progresso tecnológico poupar capital.

Quinto, a proporção das dotações de capital e de mão-de-obra na renda nacional são aproximadamente constantes. Essa hipótese também pressupõe que as produtividades dos fatores são constantes. Na teoria de Solow, a função de produção agregada da economia tem três propriedades básicas. Em primeiro lugar, exibe retornos marginais positivos e decrescentes. Em segundo lugar, exibe retornos constantes de escala. Terceiro, a produtividade marginal de um fator tende ao infinito quando a dotação desse fator tende a zero, e vice-versa. Se essa função de produção for aproximada por uma função Cobb-Douglas, a razão das dotações dos dois fatores na economia também será constante.

Sexto, o crescimento do produto per capita difere substancialmente entre diferentes economias, sejam países, sejam regiões. No modelo de Solow, está previsto que países com menores dotações de capital por trabalhador cresçam mais rapidamente, devido a sua maior produtividade, em um processo de convergência absoluta. Contudo, empiricamente, está demonstrado que essa hipótese é muito sensível à heterogeneidade dos parâmetros, como a propensão a poupar, a taxa de depreciação do capital, o crescimento populacional e a taxa de progresso tecnológico das economias, de modo que cada uma delas pode dirigir-se para estados estacionários distintos. Assim, se prevê que cada economia tende a crescer mais deressa quanto mais distante estiver de seu estado estacionário, em um processo de convergência condicional aos seus parâmetros.

quarta-feira, março 25, 2009

Altura e Imigração no Sul do Brasil (1889-1919)

Mais uma vez, o historiador econômico e cliometrista Leonardo Monastério, que recentemente trocou a UFPel (RS) pela UFABC (SP), surpreende a todos com um novo gráfico referente a sua pesquisa sobre as características antropológicas do Sul do Brasil durante a República Velha. Segundo consta, o principal determinante da altura de cada indivíduo é o seu nível de educação, e não sua raça e sua origem, conforme se imaginava. Em geral, os indivíduos com diploma universitário eram, em média, 5 centímetros mais altos do que os analfabetos.

Mapa da Pós-Graduação em Economia no Brasil

O meu amigo Enoch Filho, do blog Além das Curvas, está construindo um mapa sobre a localização dos cursos de pós-graduação stricto senso no Brasil. Vale dar apena conferir, e, para quem já está na academia, é sempre bom colaborar.

O mapa está nesse link.

domingo, março 22, 2009

Meu Novo Quarto

Na semana passada, deixei minha trincheira, e passei a ocupar um quarto individual aqui na minha república. Agora, tenho um armário guarda-roupas que ocupa quase metade do espaço do quarto, e pude arrumar minhas coisas. Malas cheias de roupas e caixas de papelão cheias de artigos nunca mais!

Fico nesse quarto pelo menos até julho.





PS. Tenho medo de explorar as portas de cima, do armário. Limpar a parte de baixo, que estou utilizando, deu um trabalho desgraçado, e consumiu dois panos inteiros de limpeza.

quinta-feira, março 12, 2009

Comentários Moderados

Aos leitores do blog,

Devido ao contínuo ataque de trolls anônimos, passei a moderar os comentários ao meu blog. Só que sempre esquecia de dar autorização aos novos comentários que chegavam...

Por isso, a partir de hoje, podem continuar trazendo contribuições, críticas e comentários para as discussões que eu levanto, que eu me responsabilizo em responder!

Abraços e agradecimentos a todos que acompanham este blog!!!

sexta-feira, março 06, 2009

O Mineirismo e As Lombas

Uma das maiores dificuldades de adaptação que eu, gaúcho de Porto Alegre, tive em Belo Horizonte, foi em relação à abundância de lombas e ladeiras nas ruas dessa cidade. Isso não só para andar, já que aqui as pessoas traçam estratégias de locomoção urbana com base nisso. Em Belo Horizonte, o menor trajeto entre dois pontos não é uma reta, mas sim o caminho que cansa menos, diga-se de passagem. Mas também o transporte motorizado é complicado. Mais de uma vez fiquei enjoado do sobe-e-desce do caminho dos ônibus, sobretudo nos bairros ao redor da lagoa da Pampulha.

Bom, tudo isso é um problema para mim, mas os nativos contam histórias muito surpreendentes sobre sua relação com os desníveis de sua cidade. Na quarta-feira, uma amiga minha, e graduanda do curso de Economia da UFMG, me contou sobre sua recente viagem à Brasília, reclamando de suas avenidas planas. "Não estou acostumada a andar no plano, sempre acabo tropeçando nos meus próprios pés." comentou ela. Segundo me contou, ela está acostumada a pisar no chão primeiro com a ponta do pé, e depois com o calcanhar, o que é útil em escaladas, mas distinto do resto da humanidade.

Darwin pode explicar isso? É uma questão de seleção natural a capacidade de caminhar nas calçadas da capital mineira?