Trecho da minha resenha.V. Macro in The Near FutureNesse capítulo, Olivier Blanchard expõe sua opinião sobre quais os temas em macroeconomia devem receber maior importância acadêmica nos próximos anos.
Em primeiro lugar, o estudo das imperfeições de mercado deve envolver não apenas o estudo de novas formas de imperfeições a serem desenvolvidas teoricamente, mas também o estudo de quais imperfeições operam especificamente para cada mercado e para cada tipo de transação econômica, e como isso afeta a macroeconomia e a criação e propagação de ciclos.
Observa-se que o autor considera “imperfeições de mercado” não falhas explícitas nos mecanismos de formação de preços, que os impediriam de funcionar sem intervenções ou regulações externas, mas sim toda e qualquer característica específica de cada mercado na economia que o faz desviar do modelo microeconômico tradicional de concorrência perfeita, produto homogêneo, retornos marginais decrescentes, agentes tomadores de preço, etc.
Em segundo lugar, devem tornar-se mais claros os efeitos dessas imperfeições de mercado sobre os níveis de eficiência e de bem-estar na economia, e o papel da política econômica em corrigir, quando possível, problemas acarretados por essas distorções.
Além disso, Blanchard propõe que a macroeconomia, hoje dividida basicamente em questões de equilíbrio de curto prazo e de crescimento de longo prazo, tenha incluído um seu domínio uma problemática de médio prazo dedicada ao estudo mais profundo das causas e dos mecanismos de propagação dos ciclos econômicos, incluindo novas variáveis em suas teorias, tais como o progresso tecnológico, a dinâmica demográfica e o papel das instituições sobre a organização econômica.
Sobre a questão das instituições, o autor levanta duas questões para serem resolvidas pelos macroeconomistas em um futuro próximo: como as economias criam instituições para corrigir as suas imperfeições de mercado? E como essas instituições afetam a dinâmica econômica no curto e no médio prazos ?
Para responder a essas questões, seria muito interessante abrir as portas da macroeconomia (e, por que não, da própria ciência econômica) à multidisciplinaridade, incluindo em seus novos estudos e abordagens assuntos correlacionados entre a economia e áreas como o direito, a demografia, a ciência política e a sociologia, as quais também formulam teorias sobre a questão das instituições e seus efeitos sobre a sociedade.
Em relação aos debates atuais envolvendo a macroeconomia, Blanchard expõe que, enquanto que nos anos oitenta o principal embate se dava entre os novo-keynesianos, mais preocupados com as imperfeições de mercado, e operando com pequenos modelos teóricos, e os novo-clássicos seguidores do Real Business Cycle, que trabalhavam com grandes modelos de equilíbrio geral, e com questões de maximização sob incerteza, nos anos noventa houve uma convergência teórica e metodológica entre esses dois grupos, com a predominância das teorias novo-keynesianas e a metodologia novo-clássica. Atualmente, o autor sugere que há um consenso ideológico entre os macroeconomistas , mas que ainda há disputas metodológicas entre o uso de modelos pequenos e modelos grandes nos estudos empíricos. Mesmo concordado que os grandes modelos são mais fáceis de se testar e de corrigir possíveis falhas, o autor deixa claro sua preferência pelos modelos pequenos, que são mais intuitivos e mais sintéticos.