terça-feira, dezembro 27, 2011

Garimpando Discos em Porto Alegre

Eu tenho o hobby de colecionar os CDs oficiais das bandas e cantores de que mais gosto. Desde os 16 anos de idade, costumo procurar esses discos não nas grandes lojas dos shoppings (ok, abro uma exceção para as promoções da Multisom), mas sim nas pequenas lojas especializadas no Centro de Porto Alegre. Procurei essas lojas no meu tempo de adolescência por causa dos preços atraentes, já que os discos semi-novos, muitos sem um único arranhão, custavam cerca da metade de um novo. Hoje em dia, continuo freqüentando esses lugares, mas não tanto por causa do preço, mas sim porque está cada vez mais difícil encontrar discos clássicos de rock no mercado (além daqueles com horríveis capas de papelão encontrados nas Lojas Americanas).

Ontem, passei o meu único dia de férias desde que assumi meu atual emprego em Porto Alegre junto com minha família. Para não perder o costume, dei uma passada no Centro à tarde, para procurar discos de rock que dificilmente encontraria no Rio de Janeiro, cidade onde moro atualmente.

O primeiro lugar em que passei foi na rua Marechal Floriano, logo acima da Riachuelo. Lá tem duas lojas, ambas mais voltadas para o rock pesado, que sempre merecem uma conferida. Primeiro, a Stoned Discos, conhecida pela exposição não só de discos raros e importados, mas também de muita parafernália de fãs de rock (como vinis, vídeos, bonecos dos músicos, guitarras antigas, camisetas, etc.). O preço dos discos (seminovos) gira em torno de 30 reais. Também tem uma seção de saldos de 10 reais, com discos mais comuns. Os destaques que encontrei lá foram a discografia dos Ramones em versão expandida e remasterizada a 40 reais cada disco (metade do preço de um novo no Brasil). Além disso, a loja tem discos de metal importados, dificilmente encontrados em outros lugares de Porto Alegre, mas um pouco mais caros.



Nessa loja, comprei o disco "Against" do Sepultura - o único CD deles com o vocalista Derrick Green que eu gosto - por 20 reais. Eu tive esse disco na minha adolescência, comprei ele no lançamento em 1998-99, mas acabei trocando-o com um amigo na faculdade anos depois. Todavia, nesse último ano tive vontade de ouvi-lo de novo, uma espécie de saudade da minha juventude...

Mais acima, perto da rua Duque de Caxias tem outra loja, cujo nome não recordo, com discos mais comuns, mas mais baratos do que na Stoned. Os preços giram em torno de 20 reais, e o heavy metal predomina. Encontrei lá o Walls of Jericho, primeiro disco dos alemães do Helloween, por apenas 20 pilas. Mas como ele não estava na minha lista de prioridades, não o levei.

Descendo a Floriano Peixoto, cheguei na Rua da Praia, próximo à galeria Chaves. Essa galeria sempre foi uma espécie de "cluster" de sebos de discos no Centro de Porto Alegre, é possível encontrar opções para todos os gostos por lá. A galeria foi reformada nesse ano, e lojas importantes de roupas se instalaram nela, mas felizmente todas as de música continuavam por lá.

No térreo, gosto muito da Led Discos. O destaque dessa loja é o punk rock, com raridades nacionais e internacionais. Lá fiquei com o "TAITO Não Engole Fichas" dos cariocas do Carbona, que fazem um som punk-pop bem humorado, por 15 reais.

No segundo andar, tem uma loja dedicada à música clássica e ao jazz, para quem gosta.

No terceiro andar, tem a Tamba Discos, que se destaca pelo rock mais antigo. Essa loja é o meu ponto de referência para ir atrás dos clássicos dos Beatles e do Raul Seixas. Dessa vez, consegui o "Please Please Me" dos cabeludos de Liverpool, em versão importada, remasterizada e capa dura por incríveis 25 reais. E o disco é praticamente novo! Essa, com certeza, foi minha melhor garimpada dos últimos tempos.

No mesmo andar dessa galeria tem outra loja de discos usados, a Classic Rock (obrigado pela lembrança, Risco) maior e mais eclética do que a Tamba, mas com menos discos difíceis de encontrar. Passei para dar uma olhada, mas não levei nada.

Ainda pretendo procurar outras lojas desse tipo quando voltar a Porto Alegre no ano que vem. No viaduto da Borges tem vários lugares, mas são meio decadentes, e o foco deles é mais música popular brasileira e menos rock. Outros lugares que eu freqüentava nos meus tempos de estudante de graduação - Megaforce e Porto Alegre CDs - já fecharam. Espero que as lojas musicais do Centro da cidade não sumam de repente, como o que aconteceu nos grandes shoppings em meados da década passada.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

A Percepção Social da Pobreza no Brasil

O IPEA divulgou hoje um estudo empírico sobre a percepção social da pobreza no Brasil. Eu fico cada vez mais entusiasmado com estudos da área de bem-estar social baseados em pesquisa de opinião popular. Nossa realidade política, que para o bem ou para o mal, influencia os rumos do país passa por aí, pela cabeça do eleitorado mediano. Comecei a me interessar por esses estudos quando li o livro "A Cabeça do Brasileiro" durante o mestrado.


(clique no gráfico para ampliar)

Segundo o estudo do IPEA, e ilustrado pelo Gráfico 1, o principal problema do Brasil, na cabeça dos brasileiros, é a violência. Desagregando por nível de renda, os mais pobres se preocupam mais com o desemprego; os mais ricos, com a corrupção. Poucos acreditam no fator que a ciência (pelo menos a ciência econômica) aponta como um significativo determinante de longo prazo desses problemas: a educação. Ou seja, as pessoas se importam mais com um fator que está se deteriorando há pouco tempo (segurança pública) do que com outro que há muito tempo vai mal (a qualidade da educação).

Em relação especificamente sobre as causas da pobreza, a maior parte dos brasileiros acreditam que são os fundamentos do mercado de trabalho, sobretudo o desemprego. A educação vem em segundo lugar. Aqui, a desagregação por nível de renda tem o resultado esperado: os mais pobres acreditam mais na redução do desemprego (isso explica o resultado das últimas eleições), enquanto que os mais ricos ligam mais para a educação. Além disso, brasileiros de todas as classes acreditam que as causas da pobreza são mais estruturais (falta de oportunidades) do que individuais (falta de esforço). Contudo, regionalmente, os sulistas tendem a ser mais individualistas do que os demais.

Por fim, em relação às ações que o governo poderia relizar para mitigar a pobreza, os brasileiros se dividiram entre os que defendem o aumento do salário mínimo e a promoção de cursos profissionalizantes. Novamente, os mais pobres ficam na primeira opção; os mais ricos, com a segunda e com investimentos em moradia. Nesse último ítem da pesquisa, o que mais me incomodou não é o fato da maioria dos brasileiros desejar que o governo adote políticas que podem ter conseqüências indesejadas de acordo com a teoria econômica, ou mesmo que beneficiem mais os aposentados e pensionistas do que os trabalhadores mais pobres, mas sim que a opção "investimentos na educação básica", que criria o background para que todas as demais ações tivessem maior efeito, sequer foi considerada pelos pesquisadores.

sábado, dezembro 17, 2011

Estudar Economia Pode nos Tornar Free-Riders?

Sim, segundo estudo de Yoram Bauman. O experimento dele me pareceu limitado, mas não deixa de ser interessante.

Eu gostaria de ver o seguinte experimento para testar a mesma hipótese: dentre uma amostra de alunos universitários pegos dirigindo bêbados, qual seria a proporção de estudantes de economia?

quarta-feira, dezembro 14, 2011

A FIESP e os Juros Altos (Reviravolta na Blogosfera Brasileira)

Um dos principais blogs brasileiros de economia, "A Consciência de Dois Liberais", escrito pelos USPianos Fabio Kanczuk e Celso Toledo, foi descontinuado desde o início do mês após uma forte crítica ao posicionamento político da FIESP. Antes que o site deles seja apagado do domínio da Exame.com, vou transcrever o post aqui. Algumas das passagens são quase que pedagógicas para alunos de economia.


Há alguns dias, a TV Globo me convidou a comentar um estudo preparado pela FIESP sobre a questão dos juros altos no Brasil. Para quem tiver paciência de ver o vídeo, o arquivo está aqui.

É normal que as partes puxem a brasa para suas sardinhas no debate de questões econômicas. Afinal, não há verdades indiscutíveis e, convenhamos, o juro realmente é muito alto no Brasil. Não conheço brasileiro que não deseje ver as taxas menores.

Feito o comentário, há um limite a partir do qual a adoção de artimanhas retóricas para a defesa de teses reconhecidamente falsas beira o desrespeito. O estudo apresentado é um festival de equívocos que salta aos olhos mesmo quando se leva em conta o baixo nível geral da discussão cotidiana sobre assuntos econômicos por aqui.

O que leva uma entidade tradicional a arranhar a reputação de forma tão pouco lisonjeira?

O fato de os juros serem altos no Brasil é amplamente conhecido. Ao fazer alarde para o fato, a FIESP anuncia com solenidade o descobrimento da América. A parte interessante e inacreditavelmente simplória do estudo é a conclusão de que o fenômeno é obra perversa de quem não quer que a economia brasileira se desenvolva.

Na tentativa de dar credibilidade a esta preciosidade, o estudo lança mão de falácias que não sobrevivem até mesmo a uma inspeção diagonal das páginas. Uma delas é tão óbvia que foi rapidamente identificada por uma pessoa de bom senso – não economista – que estava perto enquanto passava os olhos pela obra prima antes da entrevista.

Mencionar aqui, por exemplo, o problema tão conhecido de relações espúrias seria alçar o trabalho a um patamar de seriedade que, evidentemente, ele nunca teve a pretensão de alcançar. O espetáculo vai longe e envolve seleção parcial e criteriosa de dados favoráveis ao argumento, adoção de vínculos causais inexistentes – enfim, um verdadeiro laboratório para quem quiser ver na prática a aplicação da “arte de estar correto” de Schopenhauer.

As tentativas honestas para explicar o fenômeno dos juros altos têm consumido neurônios de alguns dos melhores economistas do país – vejam, por exemplo, este texto e a bibliografia sugerida. A questão é complicada e nenhuma explicação isolada é capaz de explicar satisfatoriamente o problema.

Provavelmente, os juros são altos por uma soma de fatores como (i) o histórico de instabilidade (felizmente cada vez mais distante), (ii) a atrofia do mercado de crédito (e o fato dela estar diminuindo), (iii) as restrições à alocação livre de recursos financeiros, (iv) a atuação maciça do governo como emprestador de recursos com taxas subsidiadas, (v) a lentidão do judiciário e a precariedade das regras de proteção ao credor e (vi) a propensão a gastar do setor público.


Apesar de tudo isso, os juros têm caído sistematicamente, indicando que a superação gradual de alguns óbices e a condução da política monetária com responsabilidade (procedimento que a FIESP propõe implicitamente abandonar) têm feito com que, gradualmente, a jabuticaba deixe de existir – o ponto é corretamente frisado pelo Sardenberg no vídeo.

A questão realmente relevante – que a FIESP em momento algum procura responder – é saber por que a demanda agregada cresce tanto aqui no Brasil apesar do patamar elevado das taxas de juros (agradeço ao Bernard Appy por me fazer olhar a questão sob este prisma). Alternativamente, deve-se indagar porque a inflação resiste em cair apesar dos juros recordistas. Ou ainda, porque os juros altos não inibem a demanda de crédito.

O Genilson Santana – vulgo Totó – criticou-me por escrever textos longos e, nesta altura, passei novamente do razoável. Comentarei oportunamente estas questões em um próximo post.

Em tempo, tenho amigos de longa data que trabalham na FIESP e que, tenho certeza, não concordam com uma vírgula do que está na apresentação – independentemente de terem ou não participado do projeto.


É caso de concordar com a FIESP ou com os dois economistas? Uma coisa ficou clara: os primeiros levantaram um discurso do tipo "nós geramos empregos, renda e desenvolvimento e por isso somos moralmente superior aos outros; logo estamos certos mesmo quando estamos errados". Os últimos, por outro lado, levantaram hipóteses testáveis sobre a baixa elasticidade da inflação frente aos juros no Brasil.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Congresso da Anpec

Na semana passada, passei dois dias em Foz do Iguaçu (PR). Fui apresentar o paper empírico elaborado a partir da minha dissertação de Mestrado em economia, o mesmo que já tinha apresentado em agosto, no encontro da AKB.

Infelizmente, não foi um dos melhores congressos que já participei. A maior parte das seções estava vazia, assim como os seminários e outras atividades. Mesmo o coquetel de encerramento, do qual não participei, teve baixo quorum. O pessoal estava mais interessado em visitar as cataratas e fazer as compras de Natal no Paraguai do que em participar das atividades do encontro. Muito diferente do congresso de 2007 em Recife, o primeiro que participei, ainda que apenas para assistir.

Por outro lado, o jantar dos cedeplarianos (incluindo professores, alunos e ex-alunos) na Argentina foi excelente. Bife de chorizo ao ponto, com molho funghi e batatas noizettes , acompanhado de vinho Terrazas Malbec Reserva. De sobremesa, panquecas de doce de leite. Tudo isso por meros 60 reais.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Cientistas Sociais Vistos por Outros Cientistas Sociais

Como economistas, cientistas políticos, sociólogos e antropólogos vêem uns aos outros?

Clique na figura abaixo para ampliar.



Dica do Selva Brasilis, com breves adaptações minhas.

quinta-feira, novembro 03, 2011

Modelos Hierárquicos: Também Não

Ontem recebi mais um parecer negativo: o meu trabalho utilizando dados da POF para estimar o efeito da participação em programas sociais sobre a freqüência escolar nos estados brasileiros foi recusado por uma das principais revistas de economia do Brasil. Esse foi o meu primeiro artigo acadêmico, em co-autoria com a Helena Castanheira do mestrado em Demografia do Cedeplar-UFMG, elaborado em novembro de 2007 para a disciplina de Modelos Hierárquicos. Formatei ele em agosto de 2008, e o submeti na revista Pesquisa e Planejamento Econômico, onde foi recusado alguns meses depois. Em setembro de 2009, fizemos vários ajustes e incluímos métodos de micro-simulação, para então submetermos na Revista de Economia Aplicada, que só repassou o parecer agora, quase dois anos depois.

Esse artigo me animou muito, não só por ser meu primeiro trabalho formalmente acadêmico (o que não inclui relatórios de pesquisa de iniciação científica e monografia de graduação), mas também por ter encontrado alguns resultados interessantes. A Helena soube pilotar a POF como ninguém, e me lembro como deu trabalho montar o banco de dados. A parte teórica, incluindo a revisão bibliográfica, foi refeita várias vezes, pois minha inexperiência acadêmica na época me levou a elaborá-la com base nos trabalhos que apareciam no Google, ao invés de procurar papers nas principais revistas de economia nacionais e internacionais.

Agora é hora de re-re-refazer algumas coisas, e tentar uma nova revista.

Curiosidade: relendo, encontrei no trabalho alguns trechos que eu não me orgulharia se fossem publicados: "... como a amostra só inclui jovens de 14 anos, o fator gravidez, que afeta negativamente sobretudo os estudos das meninas, é menos comum." (me lembrou o filme "Júnior"). E também: "nos últimos anos, é notável a crescente popularidade do uso de modelos de estimação em multinível..." (alguém já leu o Manifesto da Econometria Política? Pois é...).

quarta-feira, novembro 02, 2011

Brasília News



Hoje implodiram dois velhos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, em Brasília. Espero que construam opções melhores em seus lugares.

IDH 2011

Hoje foi publicado um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com o ranking dos países de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Esse índice busca mensurar a qualidade de vida dos países ponderando indicadores de três dimensões: renda per capita, saúde e educação.

De acordo com o ranking, o Brasil é o 84o país mais desenvolvido do mundo, e o vigésimo na América Latina. Os melhores, como sempre, são os do norte da Europa. Os pioras, também como sempre, estão na África Subsaariana.

segunda-feira, outubro 24, 2011

Lakatos: Ainda Não

Meu histórico artigo do Imre Lakatos foi rejeitado pela revista Nova Economia. É o quarto toco que esse trabalho leva de revistas. E olha que, nos congressos, ele está invicto. O parecer foi muito semelhante ao que recebi na primeira submissão, na Economia e Sociedade: o tema é interessante, mas não trás contribuições originais. O pior é que tive trabalho para arrumá-lo nessa última tentativa: mais de um ano lendo os originais da metodologia da economia desde os anos 70, defendendo ou criticando a aplicação da metodologia dos programas de pesquisa no mainstream.

Agora, é hora de pensar em outra revista para submeter. O bom desses trabalhos de HPE e de metodologia é que nunca ficam obsoletos. Podem sair ou voltar à moda, mas nunca são totalmente descartados a médio prazo.

PS. Meu outro artigo, na Revista Economia Ensaios, já foi publicado on-line. Está no site da revista.

sexta-feira, setembro 23, 2011

Porto Alegre 360 Graus

Uma foto muito legal de Porto Alegre foi divulgado pela construtora Arquisul, para lançar o seu empreendimento imobiliário na Terceira Perimetral.

quarta-feira, setembro 21, 2011

ANPEC 2011

Esses dias, a ANPEC divulgou a lista de artigos selecionados para o seu encontro anual, a ser realizado em dezembro.

Meu artigo empírico da dissertação de mestrado "Ciclos Econômicos e a Composição da Pobreza no Brasil: Uma Análise para as Décadas Recentes" está presente. Fico muito feliz em ter um trabalho aceito para o principal congresso de economia do Brasil!

O Lado Macroeconômico da Primavera Árabe



Tunísia, Egito, Sudão, Síria, Yêmen e provavelmente a Líbia são alguns dos países cujo crescimento foi mais afetado pela crise de 2008-09. A fonte é o World Economic Outlook, do FMI.

domingo, setembro 18, 2011

O Aumento do IPI para os Automóveis Importados

O assunto recente mais comentado pelos economistas na última semana é a elevação em 28% do IPI sobre carros produzidos fora do Mercosul. Os resultados esperados por esse tipo de política são conhecidos por todos os iniciados em teoria econômica: no curto prazo, elevação de preços ao consumidor; no longo prazo, a barreira à entrada de novas firmas no mercado interno (devido à exigência de que 65% das peças sejam produzidas em território nacional) reduzirá a oferta de automóveis, inibindo a geração de empregos e diminuindo a competitividade internacional da indústria automotiva brasileira. Em resumo, haverá uma transferência de bem-estar do consumidor para as montadoras de carros instaladas no país.

Mas o que fez com que o governo tomasse essa medida? Acredito que seja a combinação de dois fatores: um de relacionado à economia política, e outro de natureza puramente fiscal.

Em primeiro lugar, as montadoras de automóveis no Brasil estão organizadas em uma associação, a ANFAVEA (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores). Essa organização defende os seus interesses perante o governo, e como essas empresas são importantes para o financiamento de campanhas eleitorais, seu poder de barganha é alto. Ou seja, há aquilo que na economia política é chamado de rent-seeking, isto é, a captura das políticas de estado por grupos de interesse.

Em segundo lugar, todos sabemos que o processo orçamentário do Brasil é caótico. Parlamentares do Congresso têm o poder de redigir emendas no orçamento da União que extrapolam os planos de gastos e as metas fiscais estipuladas pelo Ministério da Fazenda. Por isso, há muito tempo o governo federal precisa aumentar impostos para manter o superávit primário dentro da meta, e evitar (mais) pressões inflacionárias. É sempre uma alíquota do IPI sendo reajustada para cima aqui, uma alíquota do IOF acolá. Como não vejo nenhuma solução para a ineficiência do Congresso brasileiro, a tendência é isso continuar acontecendo.

terça-feira, setembro 13, 2011

Resultado do ENEM

Nesses últimos dias, foi divulgado o resultado do exame ENEM 2010 das escolas brasileiras. O resultado final mostra o predomínio dos colégios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais sobre os dos demais estados brasileiros. Além disso, alguns dos estados mais pobres do Brasil, como o Piauí, tiveram colégios muito bem posicionados. Os rankings de cada estado foram divulgados no site da Folha de São Paulo.

O segundo melhor colégio do Brasil é o Instituto Dom Barreto, de Teresina. É uma escola de muita tradição, sempre figura entre os melhores do país em qualquer ranking. Tive um colega de mestrado no Cedeplar-UFMG que fez o Ensino Médio nessa instituição. Depois disso, se graduou em engenharia pelo ITA e está trabalhando como analista do Banco Central.

A minha decepção foi o Rio Grande do Sul. Ainda que o resultado médio dos colégios gaúchos tenha ficado acima da média brasileira, o melhor colégio do meu estado de origem foi o Colégio Militar, que só ficou entre o 80 e o 90 nacional. Além disso, o interior predominou sobre a capital. A escola que frequentei desde o jardim-de-infância até o Ensino Médio, o Colégio Anchieta, foi o n. 53 do estado.

Essas características do ensino rio-grandense - qualidade acima da média nacional, mas sem instituições de ponta - é um tema que merece ser pensado com cuidado. Uma hipótese é uma cultura de displicência acadêmica que tomou conta dos estudantes rio-grandenses pelo menos desde os anos 90. Quando morei e estudei em Porto Alegre, tanto no Ensino Médio como na Universidade Federal conheci poucos colegas que realmente tomavam gosto pelo conhecimento, que estudavam porque queriam aprender novos temas. A grande maioria via a educação apenas como a busca de títulos, isto é, o importante era apenas se formar, e de preferência fazendo o mínimo esforço possível. Mais tarde, quando migrei para Minas Gerais, notei que o compromentimento dos alunos da UFMG com sua formação era muito diferente dos alunos da UFRGS.

Outra hipótese, mais econômica, teria a ver com a má situação do mercado de trabalho no estado. É sabido que muitos jovens recém-formados no Rio Grande do Sul têm que migrar para as capitais do Sudeste em busca de melhores alternativas de empregos. Talvez essa fator, e as baixas expectativas para o futuro, faz com que os agentes envolvidos no processo de educação (alunos, famílias, professores e dirigentes das instituições) não tenham incentivos para buscar melhorias, e se mantenham, como se diz na economia, em um equilíbrio de Nash sub-ótimo.

quinta-feira, setembro 08, 2011

Estados Brasileiros como Países

Segundo mapa divulgado pela The Economist, eu nasci no Gabão. Aos 22 anos, migrei para o Líbano não fugindo da fome, da guerra civil ou do vírus do ebola, mas em busca de oportunidades educacionais. Pós-graduado, fui ser consultor das Nações Unidas e professor universitário em Portugal. Há três meses atrás, fui convocado em um exame de seleção para trabalhar no Banco de Desenvolvimento da Rússia.

Essa história bem poderia dar um filme, ou descrever algo parecido com a biografia do Barrack Obama, mas é o resultado do estudo da Economist, que comparou os estados brasileiros com países equivalentes de acordo com o seu PIB, população e PIB per capita.

O resultado final do mapa do PIB per capita é o seguinte: os estados brasileiros mais ricos não são tão ricos assim internacionalmente. Equivalem aos países do leste europeu. Os estados mais pobres também não estão tão mal na foto, estão próximos aos demais países latino-americanos as nações do Oriente Médio. É claro que a base de comparação inclui países institucionalmente caóticos, mas que exportam petróleo, o que infla sua riqueza sem distribuí-la à população, como Gabão e Venezuela. Isso atrapalha um pouco a interpretação, mas não muda o padrão.

Para controlar o problema da distribuição de renda, assim como os efeitos da valorização do câmbio real, eu bem que queria ver um mapa desses para o índice de desenvolvimento humano (IDH).

quarta-feira, agosto 31, 2011

Evolução dos Rendimentos Médios Reais no Brasil Recente

Na semana passada, o IBGE divulgou dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) referentes ao mês de julho. Essa pesquisa aborda uma amostra de trabalhadores, ocupados, desocupados ou inativos, em seis metrópoles brasileiras (Porto Alegre, Sâo Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador e Recife). Um dado que sempre me chama a atenção em pesquisas de mercado de trabalho é o salário médio real, isto é, o poder de compra do rendimento do trabalhador, que considero o melhor indicador de bem-estar. Nessa pesquisa, a evolução desse índice é o seguinte:



Para controlar os efeitos de sazonalidade, já que o mercado de trabalho é sempre mais aquecido no início do ano e mais retraído em julho, considerei na tabela apenas os meses de julho desde o início da série histórica, em 2002. A tabela mostra um resultado surpreendente: na maior parte das grandes regiões metropolitanas, o ciclo de crescimento econômico iniciado em 2004 mal conseguiu repor para os trabalhadores as perdas acumuladas pela crise de 2002-2003. Marquei em amarelo o ano em que o indicador, para cada série, é superior ao patamar de 2002. Em São Paulo e em Recife, isso ainda não aconteceu. As exceções foram Belo Horizonte e Salvador, onde o rendimento médio real do trabalho principal foi acima de 25% maior no final da série do que no seu início.

É importante destacar que a amostra compreende apenas essas seis regiões metropolitanas. Regiões que aparentaram ter desempenho econômico mais próspero na última década, como o Centro-Oeste e a cidade de Vitória, no Espírito Santo, ficaram de fora. Contudo, dado o peso populacional das maiores regiões metropolitanas do país, esse resultado indica que a situação do mercado de trabalho no país está menos cor-de-rosa do que muita gente divulga por aí.

terça-feira, agosto 30, 2011

Nosso Atraso Começa na Infância

Segundo dados divulgados pela prova ABC, que mensura a qualidade da educação das crianças de até 8 anos, os problemas de aprendizado começam cedo na infância. Espero que isso sinalize para os governantes onde está o maior gargalo para o crescimento de longo prazo da economia brasileira. A notícia completa está no link abaixo:

Em Matemática, apenas 32,6% dos alunos de escolas públicas alcançaram o resultado esperado

terça-feira, agosto 23, 2011

Antônio Barros de Castro (1938-2011)

Nesse fim-de-semana faleceu, em um acidente em sua casa, o economista Antônio Barros de Castro. Ele foi presidente do BNDES no governo Itamar Franco, e era professor emérito da UFRJ. Seu livro "A Economia Brasileira em Marcha Forçada", sobre o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) é um clássico, leitura obrigatória para alunos de graduação em economia.

No mês passado, assisti a uma ótima palestra sua sobre o impacto da China no mercado internacional de manufaturas, tema o qual ele estava trabalhando no momento. Sim, aposentado, aos 73 anos, Barros de Castro continuava trabalhando e contribuindo à academia.

segunda-feira, agosto 22, 2011

Evolução dos Salários dos Professores das Federais

O blog Acerto de Contas publicou gráficos sobre a evolução do salário inicial dos professores das universidades federais desde 1998. Também a comparou com os salários dos técnicos do IPEA e dos pesquisadores do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). O resultado é o seguinte:

Salários Nominais:


Salários Reais:


Isso ajuda a explicar porque tantos alunos de cursos de pós-graduação nas universidades federais, e falo por conhecimento próprio na área de economia, estão trocando a vida acadêmica pela vida de concurseiro. Afinal, o que é mais economicamente racional: estudar 2 anos de mestrado e 4 de doutorado para concorrer a uma vaga de professor e ganhar 7.300 reais por mês, ou estudar de 6 meses a 1 ano de cursinho para entrar no serviço público ganhando acima de 10.000 reais por mês, ainda que fazendo um trabalho meno de acordo com suas competências?

Mas eu fiquei com a seguinte curiosidade: como ficariam esses gráficos se o salário inicial fosse trocado pelo salário do topo da carreira nas três categorias?

terça-feira, agosto 02, 2011

Novidades Acadêmicas

Nesse último mês em que fiquei de "férias" do blog, tive boas notícias referentes aos meus últimos artigos.

O artigo "A macroeconomia do bem-estar social: relações e controvérsias", o capítulo 3 da minha dissertação de mestrado, foi publicado como o Texto para Discussão n. 437 do Cedeplar/UFMG. Esse trabalho já foi apresentado na AKB no ano passado e na SEP desse ano.

O artigo "Ciclos econômicos e a composição da pobreza no Brasil: uma análise para as décadas recentes", a parte empírica da minha dissertação de mestrado, foi publicado como o Texto para Discussão n. 436 do Cedeplar/UFMG. No início do mês passado, esse trabalho foi aceito no Encontro Regional de Economia da ANPEC, em Fortaleza, mas não pude comparecer para apresentá-lo. Nessa quinta-feira, por outro lado, o estarei apresentando no encontro da AKB, aqui no Rio de Janeiro.

Agora, juntando com o artigo que montei em 2009 sobre os aspectos mais teóricos da economia da pobreza, a trilogia da minha dissertação está concluída. Agora, é esperar as respostas das revistas.

domingo, julho 03, 2011

Arrastão na Praia do Leme

Hoje no final da manhã, sofri um arrastão na praia do Leme, aqui no Rio de Janeiro. Ali pelas 11 da manhã, durante minha caminhada matutina pelo calçadão da praia, parei para tomar água de coco no final da praia do Leme, próximo à barra dos pescadores, em um quiosque com mesas, cadeiras e uma vista muito agradável. Em seguida, comprei amendoins torrados e um coco no mesmo quisque.

Mas eis que o inesperado aconteceu. Um arrastão breve, mas intenso e avassalador acabou com o meu "lanche", e de todos os demais clientes do quisque. Uma nuvem de pombos subiu na minha mesa e no meu colo, impávidos perante minhas ameaças, e devorou todos os amendoins a minha frente. Quando olhei para os lados, outros pombos atacavam pipocas, batatas fritas e demais petiscos das mesas ao lado, sem medo dos humanos que tentavam se protejer.

Após o ataque, os clientes do quisque concluímos: os pombos são os novos farofeiros das praias cariocas.

sexta-feira, julho 01, 2011

quarta-feira, junho 22, 2011

Away no Feriado

Nesse feriado, estarei fora. Conhecerei Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Irei apresentar o paper "A Macroeconomia da Inclusão Social", extraído do capítulo 3 da minha dissertação de Mestrado, no congresso da SEP.

É sempre bom conhecer o Brasil em atividades acadêmicas. E o melhor é que o meu atual emprego me permite participar de congressos como apresentador sem descontar dias de férias.

Novidades do Rio

Estou a três semanas morando no Rio de Janeiro. Resido em um flat simples, porém aconchegante, em Copacabana, próximo à estação de metrô de Cantagalo. Já estou procurando apartamentos para alugar em um futuro próximo.

Nesses fins-de-semana, já aproveitei para caminhar pelos pontos turísticos mais próximos. Já fui do Leme ao Boulevard do Leblon, próximo ao morro do Vidigal, pelo calçadão. No sábado passado, dei a volta caminhando na lagoa Rodrigo de Freitas, sempre acompanhado da minha velha máquina fotográfica.

Eis meus registros (as imagens dispensam descrições prolongadas):

Leme

Leblon

Ipanema

Copacabana

Lagoa


Em relação a minha nova rotina na cidade, faço algumas observações pontuais:

- Paulistas e cariocas não se dão bem. A rivalidade não diz respeito a piadas e brincadeiras, mas à implicância, mesmo.

- O skate é um esporte predominantemente feminino.

- O inglês é a língua oficial da orla de Copacabana, e estou falando apenas dos gringos. E nem dos residentes de classe alta.

- A maior parte dos habitantes de Copacabana corresponde a idosas, cachorros de estimação e idosos. Nessa ordem.

- A população judaica, inclusive ortodoxa, é considerável. No supermercado Pão de Açúcar aqui perto de casa, vendem as bolachas matzah (o pão ázimo), que ficam ótimas no café-da-manhã cobertas de Nutella, tal como aprendi em meu intercâmbio em Toronto, em 2001. Mas o pacote custa quase 50 reais...

- A cidade tem duas linhas de metrô que correm nos mesmos trilhos e fazem (quase) o mesmo trajeto. Mas, se um dia eu precisar pegar um do Centro para a Zona Norte, precisarei de uma máscara de oxigênio.

- A Barra da Tijuca é uma Brasília com praia. A Linha Vermelha, que engloba os complexos da Maré, do Alemão (mais de longe) e da Penha, é uma Porto Alegre de casebres.

- É possível almoçar yakissoba de camarão (grandes!) e tomar suco natural de bergamota (tangerina, na língua local) no boteco da esquina. A variedade de sucos de frutas nas lancherias das ruas é comparável à variedade de cachaças nos botecos de Belo Horizonte.

- Todas as quadras, mas todas mesmo, têm obrigatoriamente: uma banca de revistas, uma (ou mais) lancheria que serve sucos naturais, uma lavanderia a quilo e um minimercado Pão de Açúcar ou Zona Sul.

- É possível caminhar nas ruas de Copacabana de madrugada. Das cidades que já morei, Porto Alegre é a mais perigosa.

terça-feira, maio 31, 2011

No Rio

Cheguei no Rio de Janeiro no domingo à tarde, e estou bem acomodado na cidade. Estou morando num flat simples em Copacabana, próximo à estação Cantagalo do metrô. Nos próximos dias, devo começar a procurar apartamento para alugar com amigos que já estão por aqui.

Essa é a minha terceira vinda ao Rio. Já tive por aqui em julho de 1995, de férias com minha família, e em novembro de 2006, quando fui conhecer a UFRJ. Por isso, ao contrário dos dias em que cheguei em Belo Horizonte (2007) e em Brasília (2009), não tive nenhum choque com a nova cidade. Em Belo Horizonte, cheguei em um sábado à noite de muita chuva, e, no dia seguinte, me impressionei com o centro da cidade cinzento, tanto pelo concreto das construções humanas como pelo nublado céu de janeiro, e deserto, tal como descrevi aqui no blog. Em Brasília, me chamou a atenção a paisagem seca do cerrado e a abundância do espaço entre os blocos residenciais e estatais. Copacabana é muito diferente das duas cidades. É tão abarrotada de gente e de prédios nas três quadras mais próximas do mar como o centro de Belo Horizonte em um dia de semana, mas, a partir da quarta quadra, o clima muda. A partir daí começam uma série de enormes prédios residenciais, antigos, mas bem conservados, habitados principalmente por idosos e por seus cachorrinhos de estimação.

O comércio e os serviços abundam nas avenidas Nossa Senhora de Copacabana e Barata Ribeiro. Tudo o que eu precisar posso encontrar a no máximo duas quadras do flat. O metrô fica a uma quadra de onde eu estou, vai me ajudar muito para chegar no meu emprego, a partir de amanhã.

Caminhei no calçadão nos três dias desde que estou aqui. A praia não está muito cheia, já que a temperatura de vinte e poucos graus não atrai a população local ao mar. Já caminhei do Arpoador ao Leme, prestando atenção nos atrativos de cada lugar que eu passo.

Hoje, fui almoçar com ex-colegas de graduação na UFRGS e de participação do diretório acadêmico, em um boteco arrumadinho, chamado "Botequim Informal", na av. Nossa Senhora de Copacabana. Depois disso, caminhamos até o Leme, e sentamos para conversar próximos aos pescadores.

Quero ver as histórias que a capital fluminense me reservará para os próximos dias, meses e anos...

quinta-feira, maio 26, 2011

De Volta ao Blog

Estou ensaiando uma nova volta ao blog. Já mal me lembro da quantidade de posts que eu já deveria ter escrito. Na minha vida, ainda não falei da minha experiência como pesquisador no PNUD (deixei propositalmente a ansiedade passar antes de pensar em publicar alguma coisa) e das minhas impressões como professor de cursinho para concursos e de faculdade privada. No mundo real, nesses últimos cinco meses estouraram uma guerra civil na Líbia, uma inflação acelerada no Brasil, principalmente no setor imobiliário, as instituições de política econômica brasileiras começaram a dar sinais de fraquejamento, Jair Bolsonaro tornou-se o porta voz do conservadorismo nacional, estourou uma polêmica sobre livros didáticos atacando um "preconceito linguístico", outra sobre o "kit anti-homofobia" nas escolas, ameaçaram dividir o Pará em três estados (obviamente, é o contribuinte quem pagará o pato) e o Internacional perdeu de virada em casa para o Peñarol, sendo eliminado da Copa Libertadores.

Como diria Jack, o Estripador, vamos por partes...

O Tempo Passa, O Tempo Voa

Agora paro para pensar... morei em Porto Alegre do nascimento aos 22 anos e um mês (83,3% da minha vida), em Belo Horizonte dos 22 anos e dois meses aos 24 anos e 11 meses (10,7% da minha vida) e em Brasília dos 25 anos aos 26 anos e meio (6% da minha vida). Acabei o colégio há quase dez anos, me formei na faculdade há quase cinco anos e defendi o mestrado há dois anos. Me lembro daquela velha propaganda do finado banco Bamerindus, no início da década de 90.



Há exato um ano atrás, em maio do ano passado, estava concluindo a minha mudança de BH para Brasília, carregando minhas últimas pastas de artigos que tinha deixado na saudosa "República do Buraco" com meus amigos. Passei exatos 8 meses carregando minhas coisas aos poucos, cada vez que ia visitar minha namorada em BH, voltava com uma mala cheia. Além disso, estava acompanhando a Copa do Mundo, e tinha uma rotina tranqüila como pesquisador do IPC-UNDP, um mês antes de começar a correria que iria durar até o final do meu contrato, em dezembro.

Agora, devo passar algumas décadas no Rio de Janeiro, se tudo der certo. Minha vida nômade deve se limitar a endereços dentro de uma única cidade. Ainda bem. Morar em diferentes cidades é uma boa experiência de vida, principalmente quando aprendo a comparar diferentes hábitos e culturas dos habitantes. Todavia, o processo de mudança (encaixotar os livros, arrumar as malas, procurar lugar para ficar, carregar a bagagem, despachar a bagagem, desarrumar as malas, carregar uma geladeira pelas escadas de um prédio sem elevadores) é muito cansativo e estressante, mesmo que até agora nada tenha dado errado. Essa será minha sétima mudança de endereço desde 2007 (Porto Alegre, Hotel Normandy (BH), Cidade Nova (BH), Centro (BH), Morato (BSB), 703 Norte (BSB), 316 Norte (adivinha?)). Se o ditado popular conta que "duas mudanças equivalem a um incêndio", sete mudanças equivalem ao transtorno de um tsunami sobre uma usina nuclear.

Última Semana em Brasília

Ainda não tinha postado aqui no blog, mas esta é minha última semana em Brasília, depois de um ano e oito meses. Domingo, embarco para o Rio de Janeiro, para assumir emprego.

quarta-feira, maio 18, 2011

Coisas Estranhas de Brasília 9

- Brasília é a única cidade que conheci em que ônibus que fazem o mesmo trajeto podem cobrar dois ou três reais pela passagem. E muitos deles não anunciam isso na janela da frente. É o cobrador que avisa.

segunda-feira, maio 16, 2011

Os Economistas Favoritos dos Economistas

Dica do Alexandre Schwartzman:

Saiu na internet um artigo de pesquisadores norte-americanos que entrevistaram centenas de economistas perguntando quem são os seus colegas de profissão favoritos. Dadas as respostas, os autores classificaram os autores mais citados, e puderam identificar os mais populares economistas entre os colegas de profissão, diferenciados em 4 categorias:

1) Economistas pré-Século XX
2) Economistas do Século XX já falecidos
3) Economistas vivos de 60 anos de idade ou mais
4) Economistas vivos de até 60 anos

Os resultados estão nos gráficos abaixo:






Analisando os gráficos, nota-se que os resultados ficaram de acordo com o esperado. Do século XIX, os economistas mais citados são os fundadores da nossa profissão: Adam Smith, David Ricardo, Marshall, John Stuart Mill, e os opositores Marx e Malthus. Dos economistas do século XX já falecidos, os mais citados são os macroeconomistas Keynes e Friedman, que inspiraram as escolas de pensamento contemporâneas, seguidos de Samuelson, que montou a chamada "síntese neoclássica" da macroeconomia keynesiana com a teoria econômica padrão de sua época. Os próximos autores desse grupo integram o grupo de opositores ao pensamento mainstream, isto é, Hayek, Schumpeter, Galbraith e Veblen.

Se entre os economistas falecidos os macroeconomistas predominam, os primeiros colocados entre os economistas vivos com mais de 60 anos são dedicados à microeconomia: Gary Becker, Kenneth Arrow e, depois de Solow, Ronald Coase. Certamente isso reflete o desenvolvimento da teoria microeconômica e da microeconometria a partir de meados da década de 60, assim como o desenvolvimento dos métodos de equilíbrio geral computável, da aplicação da teoria microeconômica em áreas que até então não eram estudadas por economistas (por iniciativa de Becker) e da microfundamentação da teoria macroeconômica. Por fim, os economistas jovens mais citados são exatamente os autores dos manuais que se estudam nas universidades: Krugman, Mankiw e Acemoglu.

sexta-feira, maio 06, 2011

Publicação na Rede

O arquivo em formato pdf da minha primeira publicação em revista acadêmica está disponível na internet. A estimação por dados em painel do modelo de Thirlwall (crescimento econômico e restrições na balança de pagamentos) para a América Latina e Caribe pode ser conferida no seguinte endereço:

http://seer.ufrgs.br/AnaliseEconomica/article/view/9413

quinta-feira, maio 05, 2011

Novidades sobre meus Artigos

Um ano depois de concluir meus artigos elaborados a partir de minha dissertação de Mestrado, recebi nessas últimas semanas novidades sobre suas recepções frente a pareceristas e examinadores.

O artigo empírico, "Ciclos Econômicos e a Composição da Pobreza no Brasil" foi rejeitado na revista Nova Economia. Dos três pareceristas, um deles (provavelmente da área de macroeconomia) o aprovou, com breves sugestões em termos de redação. Outro deles o aceitou com modificações a respeito da construção e caracterização das variáveis incluídas no modelo a partir dos micro-dados da PNAD. Muitas dessas modificações, no entanto, não são factíveis sem a completa reestruturação do trabalho. O terceiro parecerista rejeitou o artigo por considerar o método econométrico (regresão logística com dados cross-section empilhados) inadequado, recomendando o uso de pseudo-painel. Na minha dissertação, foi exatamente isso o que procurei fazer. Contudo, meus dados violaram a hipótese de independência na composição das coortes, fundamental para a consistência dos estimadores de pseudo-painel, de modo que meus resultados tiveram sinais inversos ao esperado. Vou fazer as explicações e comentários factíveis e tentar submeter em outra revista, assim como nos encontros da ANPEC nacional, ANPEC nordeste e AKB.

O artigo teórico, cuja origem remete ao projeto da minha dissertação, foi aprovado no congresso da SEP, em Uberlândia. Fiquei muito satisfeito, achei que o tema e as conclusões obtidas não fossem de acordo com os examinadores desse evento. Agora, cabe esperar o parecer da revista em que o submeti faz quase um ano.

sexta-feira, abril 22, 2011

Discussão sobre Armas de Fogo

O Adolfo Sachsida fez um ótimo ensaio sobre o que a literatura econômica já disse sobre a relação entre armas de fogo e a violência, e quais as implicações dessa relação para a política pública.

De um lado, há o argumento de que a posse de armas de fogo pela população reduz a criminalidade. Segundo essa visão, a probabilidade das vítimas da criminalidade reagirem e terem sucesso na reação é maior se elas estiverem armadas, e isso pode inibir os potenciais criminosos a praticar violência.

De outro lado, há o argumento mais de acordo com o senso-comum, que diz que as armas de fogo estão positivamente relacionadas com a violência. Isso aconteceria não apenas graças ao maior risco de mortes por armas em acidentes domésticos, mas também pela lógica de que toda arma ilegal - na posse de criminosos - já foi um dia uma arma legal - na posse de um cidadão que procurava sua defesa e/ou executar suas atividades profissionais. Por isso, quanto mais armas legais estiverem disponíveis em um território, maior é a oportunidade para que criminosos venham a tomar essas armas e a torná-las ilegais.

O Adolfo Sachsida elaborou um excelente meio termo entre essas duas visões. Citando um artigo empírico de sua autoria, as armas de fogo podem estimular ou inibir a violência de acordo com onde são utilizadas. Segundo o estudo, as pessoas que possuem armas de fogo e as mantêm dentro de suas residências estão preocupadas em defender suas vidas e seu patrimônio, e com isso inibem a criminalidade. Por outro lado, quem possui armas de fogo e as carrega fora de sua residência, tem maior probabilidade de manter um comportamento violento ou de ter sua arma roubada, e com isso incentiva a violência.

Então, a melhor opção política para a questão das armas de fogo, segundo os estudos elaborados até agora, é liberar a compra e venda de armas de defesa pessoal, mas proibir a sua posse em áreas públicas.

sexta-feira, abril 08, 2011

Ozzy Osbourne em Brasília


Nessa quarta-feira, fui ao show do Ozzy Osbourne, aqui em Brasília. Certamente, foi o melhor show da minha vida. Esse senhor de 62 anos deu uma aula de carisma e vitalidade, e comprovou que ainda tem caminho para percorrer em sua carreira. Sua voz pareceu próxima ao do que cantava no início dos anos 90, melhor inclusive do que no álbum Reunion, ao vivo com os ex-integrantes do Black Sabbath.

Em cerca de uma hora e quarenta minutos de show, Ozzy relembrou os maiores sucessos de alguns dos mais clássicos discos em que cantou, principalmente o Paranoid, com o Black Sabbath (cantou War Pigs, Iron Man, Paranoid, Rat Salad e Fairies Ware Boots), o Blizzard Of Ozz (I Don't Know, Suicide Solution, Mr. Crowley e Crazy Train) e o No More Tears (I Don't Want to Change the World, Road to Nowhere e Mama I'm Coming Home), Bark at the Moon e uma música do seu último trabalho. O público se empolgou em todas as músicas, e cantou junto ao ídolo.

Espero que o câmbio continue valorizado para os próximos meses, pelo menos até o AC/DC e o Metallica voltarem a se apresentar no país.

segunda-feira, abril 04, 2011

De Volta à Vida Acadêmica

Depois de quase dois anos, voltei para a vida acadêmica. Agora sou professor efetivo do Centro Universitário Euro-Americano (Unieuro), uma instituição privada de ensino superior do Distrito Federal. Estou lecionando Introdução à Economia para três turmas (Administração, Recursos Humanos e Gestão Pública).

Por isso, meu retorno à participação ativa na blogosfera continua (e deverá continuar) atrasado. Tenho que preparar aulas para minhas três turmas na faculdade e duas turmas no Curso JB (preparatório para o concurso Rio Branco, em que já trabalhava desde fevereiro), e isso toma todo o meu tempo. Dar aulas de Introdução à Economia nesses lugares não é o mesmo que os professores das universidades federais fazem (inclusive eu e meus colegas da UFMG), isto é, pegar um manual básico e o passar de cabo a rabo para os alunos. No Curso JB, eu tenho que "humanizar" a economia, tornando-a compreensível para alunos formados em relações internacionais, direito, ciências sociais e comunicação social. Na Unieuro, tenho que tornar a matéria a mais aplicada possível para os alunos já se sentirem aptos a sair utilizando os instrumentos de análise econômica em seus ambientes de trabalho. Além disso, tenho que usar e abusar de exemplos concretos para explicar os conceitos econômicos mais básicos.

Nessa nova experiência docente, passei a usar os recursos do Power Point. Quando era estudante, sempre tive dificuldades com aulas em slides, por vários motivos: dificulta a comunicação entre o professor e o aluno, torna a aula monótona e cansativa e, pior ainda, incentiva o professor a acelerar a transmissão de conteúdo, atropelando a atenção e o interesse dos discentes. Contudo, no caso do Curso JB, fui recomendado pela coordenação a não perder tempo de aula escrevendo no quadro e esperando que os alunos copiem. Já na Unieuro, como tenho turmas de 60 a 80 alunos por sala, a própria visualização de um conteúdo escrito no quadro já é difícil. Esperar que os alunos copiem meus resumos e esquemas seria o caos.

Para contornar os problemas da aula em Power Point, tomei algumas medidas. Meus slides são coloridos e cheios de figuras. Não ponho muito texto em um slide, ponho só o título dos pontos principais da matéria e os explico verbalmente. Antes de mudar de slide na aula, pergunto aos alunos se a matéria está clara, ou preciso repetir alguma coisa. Além disso, estou colecionando gráficos de estudos empíricos e cartas de conjuntura, para utilizá-los como exemplos de situações que podem ser explicadas pela teoria econômica básica.

quinta-feira, março 31, 2011

Coisas Estranhas de Brasília 8

"Não aceitamos dinheiro."

Ouvi essa frase hoje à noite no Subway da 303 Norte. Sem comentários.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Estou Vivo

Caros leitores do blog,

Sim, estou vivo. Faz quase um mês desde que postei pela última vez, e notei, pelas estatísticas do Google, que o número de visitantes está caindo. Na verdade, o que aconteceu é que, desde que parei de trabalhar como pesquisador, tenho menos assuntos acadêmicos de economia para opinar publicamente.

No momento, sou professor do Curso JB, um tradicional cursinho preparatório para o Instituto Rio Branco em Brasília. Estou gostando muito da estrutura do lugar, das pessoas e do interesse e comprometimento dos alunos. É verdade, tenho alunos de mais de 30 anos e formados em direito ou relações internacionais que entendem muito mais de economia do que muitos dos meus ex-colegas de graduação. Além do mais, dar aulas é muito agradável e recompensador, principalmente para alunos motivados a aprender (e não necessariamente com uma sólida base prévia). Após mais de um ano trabalhando como consultor de microeconometria, estava com saudades de interagir com pessoas. Estatística e econometria são fundamentais para o desenvolvimento da profissão de economista, isso está fora de discussão, mas concluí que é muito mais agradável trabalhar com base de dados quando se tem o poder de coordenar o próprio projeto de pesquisa.

Para ministrar minhas aulas, venci meu preconceito e adotei o manual de Introdução à Economia do Mankiw. Sempre tive uma certa resistência a essa obra, tanto pela peculiar ordem dos capítulos (por exemplo, a teoria do consumidor, núcleo irredutível da teoria microeconômica está no capítulo 21, ao passo que noções sobre comércio internacional está logo no capítulo 3), como também pelo enfoque explicitamente liberal do autor. Isso para mim não é exatamente um grande problema, mas temo que pode parecer até mesmo ofensivo para profissionais das áreas de ciências humanas. Também sinto falta de um ou dois capítulos sobre a história do pensamento econômico. Contudo, o livro é mais completo e com uma linguagem menos técnica do que o Manual de Economia dos Professores da USP, que usei na minha graduação. Inclusive, me lembro de ficar incomodado e assustado com o "economês" daquele manual na primeira vez que o peguei para estudar, quando era calouro da UFRGS, em 2002.

Fora isso, tenho acompanhado a atual flame war entre os economistas blogueiros Adolfo Sachsida e "O Anônimo", que posta no blog do Alexandre Schwartzman. Isso me incentiva a revisar meus conhecimentos de teoria da política monetária. E também tenho torcido muito para que o povo da Líbia se liberte do seu opressor ditador, independente dos riscos a que se submetam no futuro próximo.

A partir dessa semana, quero voltar a postar com mais freqüência. Estou devendo vários posts para o público, desde uma análise da conjuntura política do Brasil pós-eleições até um discussão sobre metodologia da economia com o meu amigo ex-cedeplariano Victor Delgado.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Hipóteses sobre a Balança Comercial de Futebolistas Brasileiros

O Flamengo contratou o Ronaldinho Gaúcho (que leilou seu contrato com o Grêmio e o Palmeiras) e o Thiago Neves. O Fluminense contratou o Araújo e o Diego Cavalieri. O Inter acertou com o argentino Cavenaghi. O Santos buscou o Elano de volta. O Vasco importou o Eduardo Costa e o Elton. O Corinthians se reforçou (ainda que tardiamente) com o Liédson. E todos esses times só exportaram suas revelações do ano passado para times desconhecidos de campeonatos desconhecidos, como a Ucrânia, a China e os países do Oriente Médio, salvo raras exceções.

Nesses últimos meses, a imprensa esportiva vem nos brindando com informações sobre as transações dos times de futebol brasileiros com os times do exterior. Ao contrário do que qualquer torcedor com mais de 10 anos de idade está acustumado a ler e ouvir, agora são os times brasileiros que estão importando (ou repatriando) os jogadores do exterior. Para explicar esse fenômeno, levanto três hipóteses para serem testadas, caso alguém tenha uma boa planilha de dados a respeito.

Em primeiro lugar, a hipótese mais provável: a crise financeira e fiscal que assola os países europeus contagiou o mercado do futebol. Por isso, os clubes estão investindo menos em reforços, e se desfazendo de jogadores de alto salário. Contudo, cabe lembrar que uma parte significativa das cifras futebolísticas de vários grandes times europeus não é proveniente de geração própria, mas sim de repasses diretos de seus proprietários, muitos deles com negócios escusos em países da antiga União Soviética e do Oriente Médio. Por isso, acredito que esse fator, por si só, não explica o atual déficit em conta corrente futebolística da economia brasileira.

A segunda hipótese é a valorização cambial. O real valorizado está fazendo com que a compra de jogadores de futebol brasileiros por parte dos clubes europeus não valha a pena, pois esses têm que arcar com o risco da não-adaptação dos jogadores a sua realidade (risco entendido como saudade da praia, da cerveja gelada, do carnaval e do samba), afetando negativamente o seu desempenho. Por outro lado, o real valorizado significa a valorização dos salários no Brasil, incentivando alguns jogadores a procurar empregos nos clubes nacionais pelos mesmos motivos expostos anteriormente.

Por fim, levanto uma terceira hipótese, mais pessimista que as duas anteriores. Talvez o futebol brasileiro tenha perdido o seu brilho em relação às décadas passadas. Nos anos 90, Romário, Ronaldo Nazário, Rivaldo, Leonardo, e mais recentemente, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, eram os melhores jogadores do mundo. Atualmente, qual jogador brasileiro é considerado incontestavelmente um grande craque de reputação internacional, a não ser os veteranos como o zagueiro Lúcio? O Felipe Melo? Não se pode descartar a hipótese de que o mau futebol desempenhado pela Seleção Brasileira na última Copa do Mundo seja proveniente (não estou eximindo de culpa a escalação do ex-técnico Dunga) de uma crise de renovação dos jogadores brasileiros. Por isso, os clubes europeus podem estar querendo abrir vagas nas suas cotas de jogadores extrangeiros em benefício de africanos e hispano-americanos, às custas dos brasileiros.

Tudo isso são hipóteses, gostaria de ver dados mais concretos para ter uma opinião mais sólida a respeito do que está acontecendo. Provavelmente, o déficit na balança comercial do futebol brasileiro se deve a combinações entre as três hipóteses, mas qual delas seria a mais importante?

segunda-feira, janeiro 31, 2011

O Ser Humano É um Micróbio

Clique para ampliar (a imagem, não o ser humano).



PS. Tenho outra prova no próximo domingo. Mais "férias de blog" pela frente.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Blog Parado

Caros leitores,

O blog está parado nessas útlimas duas semanas. O motivo é que eu estou estudando para um concurso no próximo domingo. Após isso, retornarei com posts periódicos.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Goodbye, IPC-IG

Voltei das férias no domingo, e hoje é meu último dia como consultor e pesquisador no International Policy Centre for Inclusive Growth, unidade de cooperação entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) em Brasília. Meu contrato já tinha se encerrado em dezembro, mas eu resolvi finalizar algumas pendências antes de me despedir, como corrigir do-fles do Stata e montar as bases de dados para o Brasil, a partir de PNADs, para o prosseguimento do programa de pesquisa.

Após um ano e dois meses de muito trabalho no projeto UNIFEM, que procurou analisar quantitativamente indicadores de desigualdades de sexo e etnia em países latino-americanos, nossa produção final foi três relatórios completos para a Guatemala, a Bolívia e o Paraguai. Foram verdadeiros livros de mais de 250 páginas cada, com abordagens estatística, histórica e institucional dos indicadores sociais, econômicos e demográficos adotados. Os relatórios devem ser publicados nesse ano. Se saírem em pdf, no site do centro, linkarei aqui no blog, na página "Minhas Pesquisas". Também, quero fazer alguns posts sobre algumas das minhas impressões sobre o que verifiquei na pesquisa.

Agora é hora de partir para outros rumos...

domingo, janeiro 09, 2011

Com a Palavra, Immanuel Kant

O Iluminismo é a emergência do homem da imaturidade a que ele mesmo se submete. Imaturidade é a incapacidade de usar a própria compreensão sem a orientação de terceiros. Essa imaturidade é algo que o próprio indivíduo se impõe, quando sua causa não é a falta de entendimento, mas a falta de determinação e coragem para usá-li sem a orientação de outrem. Sapere aude! Atreve-te a saber! É este o lema do Iluminismo.

sexta-feira, janeiro 07, 2011