domingo, novembro 26, 2006

Da Terra à Lua - Júlio Verne

De volta do Rio! E rumo a Belo Horizonte - UFMG-CEDEPLAR!

Júlio Verne é, sem dúvida, um dos maiores nomes da literatura mundial do século XIX, sendo suas principais obras permanentemente relançadas em novas edições, em diversos idiomas e países. Segundo a crítica, o estilo de Júlio Verne conseguiu associar a literatura fantástica do Romantismo de segunda geração (Byron, Poe), mas com muito menos morbidez, com o cientificismo da literatura Real-Naturalista (em português, representada por Aluízio de Azevedo e Eça de Queirós). Dessa fusão entre dois estilos aparentemente antagônicos, Verne iniciou a literatura denominada "Ficção Científica", que explora a narração de temáticas fantásticas, criativas e, principalmente, não-convencionais do ponto de vista da sociedade, sob uma forte fundamentação das leis científicas conhecidas na sua época.

Todavia, se Júlio Verne produziu obras-primas como "Viagem ao Centro da Terra" e "A Volta ao Mundo em 80 Dias", certamente não se pode dizer o mesmo de "Da Terra à Lua". Aqui, a fundamentação científica da narrativa é demasiadamente predominante, rompendo o equilíbrio entre "Fantástico" e "Científico" que deu ao autor toda a sua fama mundial e o seu lugar de honra na história da literatura de ficção. A quase ausência de ação, assim como a extrema irrealidade do enredo (uma sociedade privada de ex-combatentes da Guerra Civil Americana resolve construir um mega-canhão para dar um tiro na Lua, por iniciativa unilateral e arrecadação de recursos próprios, e um intelectual meio louco francês pede para ir junto com o projétil), acaba por tornar o livro um tanto monótono, o que o diferencia muito dos demais textos do autor.

Chamam a atenção no livro a analogia a teorias da época que hoje não seriam aceitas como "científicas", já que se voltam muito mais para a filosofia e a metafísica do que para a observação empírica da natureza e da realidade, e são essas teorias que dão um fundamento lógico para a empreitada dos personagens. Por exemplo, vemos, citado pelo próprio personagem principal Miguel Ardan, o princípio na inexistência de não-utilidade. Segundo essa curiosa teoria metafísica, nada no Universo é inútil, não há desperdícios naturais. Portanto, a vida não pode ser disperdiçada no Universo, o que faria com que todos os astros tenham condições ideais para a vida humana. Obviamente, sob a luz da ciência contemporânea, tais princípios são quase piadas, e praticamente toda a engenharia realizada pelos personagens seria fracassada.

Contudo, é inegável o mérito de Júlio Verne de ter imaginado a possibilidade de o homem chegar à Lua, e até ter proposto um meio para alcançar esse objetivo, a cerca de 100 anos antes de o homem ter conseguido de fato chegar lá.

terça-feira, novembro 21, 2006

I Go To Rio

Comunicado: amanhã às 15 horas estarei embarcando rumo ao Rio de Janeiro, tendo em vista uma palestra na UFRJ sobre o programa de mestrado de lá, e claro, sobre a disponibilidade de bolsas de estudo.

Vou ficar num albergue chamado "Che Lagarto", reconhecida internacionalmente e bem-localizada (praia de Ipanema), mas seu nome não me inspira muita confiança. Sorte que estarei com dois amigos (que passaram na FGV e na PUC-Rio!!!).

Sexta-feira estarei de volta, e se a conexão da minha Internet ajudar (o servidor da UFRGS é uma droga, só vale porque é o mais barato), publicarei a crítica de "Da Terra à Lua", de Júlio Verne.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Mundo Acadêmico - De Volta à Ativa

Quero comunicar a todos os meus amigos que o projeto "Mestre Ricardo" NÃO será apenas mais uma utopia ou uma fantasia de minha mente perturbada.

Agora, só falta escolher entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

"E agora, vai ser praia ou pão de queijo???" (by Manoel)

quarta-feira, novembro 08, 2006

As Aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain

"Toda moderna literatura americana procede de um livro de Mark Twain, Hucleberry Finn." Ernest Hemingway

"Aviso: se alguém tentar encontrar um tema nesta narrativa, será processado; se tentar encontrar uma moral, será banido; se tentar encontrar um enredo, será fuzilado." Mark Twain

Em primeiro lugar, Huckleberry "Huck" Finn é um clássico não apenas da moderna literatura americana, mas também da Semana da Criança do Cinema em Casa, pelo menos durante toda a minha infância (risos). Um filme de qualidade de produção bastante arcaica, em que um menino de cerca de oito ou nove anos, filho de um cowboy bandido que não o deixava ir a escola, foge de casa, matando um porco e espalhando o sangue por toda a cabana em que vive com o pai, para dar a impressão de ter sido assassinado. O pequeno Huck toma uma jangada e se lança, sem rumo algum, ao longo do rio Mississipi, com a companhia de um escravo fugido chamado Jim.

No livro, Huck já é um adolescente de 13 ou 14 anos, já maduro em termos emocionais, e foge com seu amigo Jim em busca "dos Estados Livres", isto é, os estados americanos em que a escravidão já havia sido abolida. No entanto, os dois personagens não tem a menor noção a respeito do caminho para esses estados, e rumam com sua jangada ao longo do rio Mississipi, sempre na direção sul. Ambos vivem uma vida nômade, de fuga pelo rio, sem outro rumo que não o sul, e sem qualquer perspectiva de vida futura; vivem apenas pensando no dia de hoje.

A obra, baseada nas lembranças da infância e juventude do autor Mark Twain, descreve de maneira fiel as características sócio-ambientais da região rural norte-americana, entre os montes Apalaches e o rio Mississipi, em meados da metade do século XIX. Dentre essas características, as mais marcantes ao longo do livro são o bucolismo, já que ao longo de centenas de quilômetros ao redor do Mississipi, o autor não faz nenhuma referência a qualquer grande cidade da região, ou mesmo à vida urbana, mas sim a um emaranhado de fazendas, pequenas vilas esparsas e muito terreno selvagem; a religiosidade do povo, sendo muitas vezes a religião cristã misturada com crendices populares e superstições de origem africana como forma de se buscar entender o mundo e atrair boa sorte; a hospitalidade das pessoas, especialmente com desconhecidos; a abundância de aventureiros, isto é, nômades, vagabundos ou vigaristas que vagam de povoado a povoado abusando da hospitalidade das pessoas como forma de não apenas sobreviver, mas também procurar furtuna pessoal. Por último, e em destaque, é notável a quase inexistência de autoridades legais na sociedade, salvo um ou outro xerife ou juiz de determinadas vilas. A lei é feita pelas próprias pessoas, a segurança é realizada pelos próprios fazendeiros e suas espingardas. A punição aos bandidos e escraos fugidos é decidida por esses fazendeiros no poder da voz, e na hora de o meliante ter sido acompanhado.

"As Aventuras de Huckleberry Finn" é uma continuação de "As Aventuras de Tom Sawyer", que eu já tinha lido a quase um ano. Porém, ao contrário deste último, em que o "enredo" da história é marcado pela leveza e pelo bom-humor, "Huckleberry Finn" tem um fator que faz a história ficar pesada, isso é, um fator que preocupa e instiga o leitor. Esse fator é a questão da escravidão, popular nos estados norte-americanos do sul, e presente em todos os ambientes descritos no livro, assim como a relação moral entre o jovem Huck e seu amigo negro fugido Jim. Durante quase toda a narrativa, Huck sente remorso por estar em companhia de um escravo fugido, isto é, de ter ajudado a roubar um negro, propriedade legítima de uma pobre velhinha que nunca fez nada de mal a ninguém. Por isso, muitas vezes sente-se um verdadeiro ladrão por não denunciar o negro, temendo inclusive ser condenado ao fogo do inferno por isso. E ainda por cima, Huck (como o narrador em primeira pessoa da história), tem idéias e frases sobre os negros (inclusive seu amigo) que hoje muito bem poderiam ser taxadas (e com razão) de racistas. Ao elogiar Jim, Huck comenta que "sabia que Jim era branco por dentro", ou então, "Jim é muito inteligente, para um negro". Ao discutir com Jim, comenta que "Jim é cabeça-dura, como todo negro". Ou, pior ainda, quando Jim lhe revela a intenção de, depois de se mudar para um Estado Livre, trabalhar duro e economizar dinheiro para comprar a liberdade de todos os seus parentes, Huck pensa sozinho que "não se pode dar um dedo a um negro, que eles vão querer a mão inteira".

Todavia, apesar de toda a confusão moral de Huck a respeito de ter ajudado um escravo a fugir, ele mantém-se fiel a seu companheiro em toda a narrativa, não só não o denunciando, como também o ajudando a fugir sempre que Jim é capturado por algum caçador de recompensas. Todavia, o sentimento que move Huck a fazer isso é a amizade que tem pessoalmente por Jim; jamais toca na moralidade ou não do regime de trabalho escravo ou na igualdade de direitos entre brancos e negros.

Em resumo, o livro é, indubitavelmente, um grande clássico da literatura americana e uma verdadeira lição de história e de antopologia. Mas, ao contrário da maioria das obras de Mark Twain, não se pode esperar bom-humor e o romantismo ficcional (como em "Tom Sawyer" e O "Príncipe e O Mendigo"). A questão racial e escravagista realmente sensibiliza os leitores.

domingo, novembro 05, 2006

Estude Economia e Meio Ambiente!

Atenção economistas ligados ao campo acadêmico: estude Economia e Meio Ambiente. Repito: estude Economia e Meio Ambiente. Esse vai ser a área da Ciência Econômica com maior perspectiva de sucesso em termos de pesquisas e descobertas, em um futuro próximo. Certamente teremos, nos próximos anos, um prêmio Nobel em homenagem à algum pesquisador dessa área.

Vou explicar por partes:

George W. Bush e o Partido Republicano vão perder as próximas eleições presidenciais nos EUA. Não há dúvidas. Em primeiro lugar, devido à condução da guerra no Iraque, em que as freqüentes baixas entre os soldados americanos estão aos poucos minando o apoio popular ao atual governo. Em segundo lugar, o déficit fiscal provocado pelas guerras no Iraque e no Afeganistão, assim como pela diminuição de impostos está provocando inflação na economia americana, e essa inflação vem sendo combatida via aumentos na taxa básica de juros. Ou seja, temos uma política monetária restritiva como modo de controlar os efeitos de uma política fiscal irresponsável. Como todos nós, brasileiros, temos vivido sob uma política econômica semelhante desde 1994 (início do plano Real), já temos na ponta da língua o que isso significará no curto prazo: a taxa de desemprego nos Estados Unidos vai aumentar.

Esses dois fatores (guerra indefinida e aumento do desemprego) vão ajudar os Democratas a voltar para a Casa Branca (dessa vez sem a Monica Lewinsky, espero). O programa político deles não fará uma crítica aberta à guerra no Iraque, o que seria considerado anti-patriótico para o eleitorado americano, e muito menos defenderá um aumento de impostos e corte de gastos públicos (mesmo que tais medidas sejam inevitáveis no médio prazo). O Partido Democrata explorará eleitoralmente e politicamente o fator ambiental, o furacão Katrina e seu efeito social, a rejeição pelo governo americano ao Tratado de Kioto e o simples descaso pelo mesmo com o aquecimento global. Tal política já vem sendo sinalizada pelo documentário elaborado pelo ex-candidato democrata Al Gore, sobre a problemática ecológica, o aquecimento global e a necessidade de planejamento ambiental para as decisões de política econômica.

Isso significa que, dentro de dois ou três anos, o governo americano poderá despejar BILHÕES de dólares em fomento à pesquisa e em bolsas acadêmicas (para estudantes de diversos países) voltadas ao estudo de temas em planejamento ambiental. Por isso eu repito: estude Economia e Meio Ambiente!

É hora de mandar às favas os velhos preconceitos a respeito da problemática ecológica, do tipo "Tem coisa mais importante para nos preocuparmos do que com árvores", ou "O crescimento econômico é mais importante do que preservar a natureza, por isso, políticas ambientais atrasam o desenvolvimento". Porque nós, pesquisadores, estamos próximos de ver dinheiro nascendo dessas árvores!

Por isso, nunca é demais repetir: estude Economia e Meio Ambiente!

quarta-feira, novembro 01, 2006

Uma Frase Célebre

Um amigo (Thiago) comentando o alto índice de desemprego entre os economistas recém-formados:

"Antes daquele dia (a formatura) nós éramos o futuro da nação. Depois, nos tornamos um problema social."