quarta-feira, agosto 31, 2011

Evolução dos Rendimentos Médios Reais no Brasil Recente

Na semana passada, o IBGE divulgou dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) referentes ao mês de julho. Essa pesquisa aborda uma amostra de trabalhadores, ocupados, desocupados ou inativos, em seis metrópoles brasileiras (Porto Alegre, Sâo Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador e Recife). Um dado que sempre me chama a atenção em pesquisas de mercado de trabalho é o salário médio real, isto é, o poder de compra do rendimento do trabalhador, que considero o melhor indicador de bem-estar. Nessa pesquisa, a evolução desse índice é o seguinte:



Para controlar os efeitos de sazonalidade, já que o mercado de trabalho é sempre mais aquecido no início do ano e mais retraído em julho, considerei na tabela apenas os meses de julho desde o início da série histórica, em 2002. A tabela mostra um resultado surpreendente: na maior parte das grandes regiões metropolitanas, o ciclo de crescimento econômico iniciado em 2004 mal conseguiu repor para os trabalhadores as perdas acumuladas pela crise de 2002-2003. Marquei em amarelo o ano em que o indicador, para cada série, é superior ao patamar de 2002. Em São Paulo e em Recife, isso ainda não aconteceu. As exceções foram Belo Horizonte e Salvador, onde o rendimento médio real do trabalho principal foi acima de 25% maior no final da série do que no seu início.

É importante destacar que a amostra compreende apenas essas seis regiões metropolitanas. Regiões que aparentaram ter desempenho econômico mais próspero na última década, como o Centro-Oeste e a cidade de Vitória, no Espírito Santo, ficaram de fora. Contudo, dado o peso populacional das maiores regiões metropolitanas do país, esse resultado indica que a situação do mercado de trabalho no país está menos cor-de-rosa do que muita gente divulga por aí.

terça-feira, agosto 30, 2011

Nosso Atraso Começa na Infância

Segundo dados divulgados pela prova ABC, que mensura a qualidade da educação das crianças de até 8 anos, os problemas de aprendizado começam cedo na infância. Espero que isso sinalize para os governantes onde está o maior gargalo para o crescimento de longo prazo da economia brasileira. A notícia completa está no link abaixo:

Em Matemática, apenas 32,6% dos alunos de escolas públicas alcançaram o resultado esperado

terça-feira, agosto 23, 2011

Antônio Barros de Castro (1938-2011)

Nesse fim-de-semana faleceu, em um acidente em sua casa, o economista Antônio Barros de Castro. Ele foi presidente do BNDES no governo Itamar Franco, e era professor emérito da UFRJ. Seu livro "A Economia Brasileira em Marcha Forçada", sobre o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) é um clássico, leitura obrigatória para alunos de graduação em economia.

No mês passado, assisti a uma ótima palestra sua sobre o impacto da China no mercado internacional de manufaturas, tema o qual ele estava trabalhando no momento. Sim, aposentado, aos 73 anos, Barros de Castro continuava trabalhando e contribuindo à academia.

segunda-feira, agosto 22, 2011

Evolução dos Salários dos Professores das Federais

O blog Acerto de Contas publicou gráficos sobre a evolução do salário inicial dos professores das universidades federais desde 1998. Também a comparou com os salários dos técnicos do IPEA e dos pesquisadores do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). O resultado é o seguinte:

Salários Nominais:


Salários Reais:


Isso ajuda a explicar porque tantos alunos de cursos de pós-graduação nas universidades federais, e falo por conhecimento próprio na área de economia, estão trocando a vida acadêmica pela vida de concurseiro. Afinal, o que é mais economicamente racional: estudar 2 anos de mestrado e 4 de doutorado para concorrer a uma vaga de professor e ganhar 7.300 reais por mês, ou estudar de 6 meses a 1 ano de cursinho para entrar no serviço público ganhando acima de 10.000 reais por mês, ainda que fazendo um trabalho meno de acordo com suas competências?

Mas eu fiquei com a seguinte curiosidade: como ficariam esses gráficos se o salário inicial fosse trocado pelo salário do topo da carreira nas três categorias?

terça-feira, agosto 02, 2011

Novidades Acadêmicas

Nesse último mês em que fiquei de "férias" do blog, tive boas notícias referentes aos meus últimos artigos.

O artigo "A macroeconomia do bem-estar social: relações e controvérsias", o capítulo 3 da minha dissertação de mestrado, foi publicado como o Texto para Discussão n. 437 do Cedeplar/UFMG. Esse trabalho já foi apresentado na AKB no ano passado e na SEP desse ano.

O artigo "Ciclos econômicos e a composição da pobreza no Brasil: uma análise para as décadas recentes", a parte empírica da minha dissertação de mestrado, foi publicado como o Texto para Discussão n. 436 do Cedeplar/UFMG. No início do mês passado, esse trabalho foi aceito no Encontro Regional de Economia da ANPEC, em Fortaleza, mas não pude comparecer para apresentá-lo. Nessa quinta-feira, por outro lado, o estarei apresentando no encontro da AKB, aqui no Rio de Janeiro.

Agora, juntando com o artigo que montei em 2009 sobre os aspectos mais teóricos da economia da pobreza, a trilogia da minha dissertação está concluída. Agora, é esperar as respostas das revistas.