sábado, março 29, 2008

Post Interessante

Meu amigo Diego "Gordinho" Rodrigues escreveu um post que eu gostaria muito de ter escrito pessoalmente, de tanto que gostei e concordei:

esses caras que ficam se cercando de mulheres, as agradando, todos penteadinhos, arrumadinhos, discutindo a "balada" (eca!) da noite anterior, são, definitivamente, veados!

Fico me perguntando onde estará a boa e velha virilidade dos homens mal vestidos, suados do jogo de futebol, que gritam nas mesas de churrasco e truco bêbados de cerveja, que olham descaradamente para os decotes, que escutam ACDC e Ramones, que dormem tarde e vêem revistas de mulher pelada.

O link para o post (e o blog) é:
http://vagabundos-iluminados.blogspot.com/2008/03/mulheres-do-mundo-uni-vos-ao-machismo.html

domingo, março 23, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 8 (Eixo Baltazar)

Apresento agora uma descrição dos núcleos de pobreza na região do chamado Eixo Baltazar em Porto Alegre. A região compreende o bairro Rubem Berta, a oeste da av. Assis Brasil e do bairro Sarandi, abordado no post passado. Uma visão geral sobre a região está na imagem a seguir:


Alguns dos leitores que vêm acompanhando o blog afirmam que a pobreza em Porto Alegre se concentra em pequenas vilas espalhadas pela cidade, sem haver um determinado complexo de favelas. Pois, nesse post, provo que isso não é verdade. Nessa região encontra-se a "Grande Santa Rosa", uma vila (aparentemente semi-urbanizada) de grande dimensão:


A leste da Santa Rosa, encontram-se algumas vilinhas junto à fronteira com Alvorada (Vila dos Maias, Dois Toques e Nova Gleba). Porém, nessa região do mapa, o Google Earth apresenta imagens de definição inferior, o que torna difícil a diferenciação entre favelas e comunidades humildes afastadas:


Ao norte dessa área, está o Beco João Paris, rodeado de terrenos nos quais, presentemente, a prefeitura está construindo COABs para o deslocamento da população da Vila Dique:


Ao sul, está a Vila Amazônia, já urbanizada em sua parte inferior:


A Vila Amazônia já inicia um novo núcleo de vilas em Porto Alegre, mais ao sul: o núcleo Passo das Pedras. Nesse ponto da cidade, a pobreza dá uma "entrada" a oeste, afastando-se da fronteira com Alvorada, área em que agora predominam casas e condomínios de classe média, e algumas áreas rurais (entre as avenidas Bernardino Silveira Amorim e Baltazar de Oliveira Garcia).

sexta-feira, março 21, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 7 (Zona Norte)

O mapa geral das vilas na zona norte de Porto Alegre (encontradas nos bairros Cristo Redentor, Jardim Floresta e Sarandi) é o seguinte:


No bairro Cristo Redentor, a única vila encontrada foi a Vila Dona Regina, também referida como Vila Triângulo, pela sua proximidade com o Terminal Triângulo (ponto de ônibus entre a Assis Brasil e a Baltazar):


No bairro Jardim Floresta, ao oeste, está a Vila Dique, um comprido e estreito beco que vai da proximidade da av. Sertório quase até a Free-Way, encostado no muro leste do aeroporto:


Com a previsão de obras para a expansão da pista do aeroporto, é esperada a remoção da Vila Dique em breve. A preocupação com a segurança dos habitantes da vila aumentou após o acidente em Congonhas (julho de 2007).

A leste, está a Vila Nazareth:


No bairro Sarandi, mais a leste, as vilas encontram-se no contorno do bairro propriamente dito. Além disso, devido a obras de urbanização realizadas nos últimos anos, fica difícil diferenciar as vilas que consistem mesmo em favelas, e aquelas que são apenas comunidades pobres:


As vilas a leste do Sarandi já quase se emendam no complexo da região nordeste da cidade (Bairro Rubem Berta), que será abordado em algum post futuro.

quarta-feira, março 19, 2008

Ainda a Metodologia da Economia

Comentário de Henrique a minha conclusão:

Caro Ricardo,
Meu nome é Henrique, sou aluno do último ano da graduação em Economia da USP e conheci seu blog através do blog do Thomas. Bem vamos aos comentários. Realmente gera muita estranheza considerar o individualismo metodológico uma verdade absoluta: ele não nem uma verdade, muito menos absoluta, é apenas um método. Para adotar um tom popperiano, esta não é o tipo de hipótese falsificável ou de fácil verificação. É um método de trabalho, apenas isso. Concordo que a Lei de Say x Demanda Efetiva não é a cisma fundamental da teoria econômica. Mas também não concordo que o que chamamos de ortodoxia seja inerentemente algo atemporal, ageográfico, etc. A economia regional/espacial estuda impacto sobre a especifidade locacional sobre os resultados econômicos (conhece econometria espacial ?, seria interessante para o seu estudo sobre a pobreza em Porto Alegre), o papel da história e das instituições vem ganhando força com o trabalho dos institucionalistas e aos poucos vem sendo adotado pelo mainstream. Os trabalhos em economia política não ignoram simplesmente o que acontece nas outras ciências sociais, como a sociologia e a ciência política. O meu último ponto é que o que define, em última instância, os limites de uma ciência é muito mais o seu método do que seu tema. Não há dúvida que trabalhos como a macro pós-keynesiana, como a lei de Thirwall, se trata de teoria econômica. Mas, trabalhos como o da moderna sociologia econômica (Granovetter, Fligstein, etc.) tratam de temas econômicos (mercado de trabalho, "teoria da firma", etc.), mas não deixa de ser sociologia (eles não fazem economia sociológica ...). O que quero dizer é: uma economia fundada em profissões ou em outros agregados sociais, acredito eu, cruzaria a linha da ciência econômica e te levaria efetivamente para a sociologia ou a ciência política.
Gostei muito do blog e da dessa discussão em particular. (PS.: Desculpe a extensão do comentário, mas havia muita coisa interessante para comentar).


Esse é exatamente o desafio final da metodologia da economia. Não há um critério universal, objetivo e infalível para se caracterizar o que é uma "boa ciência", ou mesmo para demarcar os limites do conhecimento científico em relação a qualquer outra forma de conhecimento. O falsificacionismo popperiano é uma teoria provocativa e interessante, mas nenhum estudioso sobre o assunto admite que ela é diretamente aplicada à ciência econômica. Hoje, li um artigo do Fayerabend (anarquista radical, mas divertido), nao qual o autor afirma que o falsificacionismo está longe de explicar o trabalho científico em qualquer ramo do conhecimento humano. Aspectos ideológicos, metafísicos, inconsistências lógicas, ajustes ad hoc são mais comuns do que imaginamos. Muitas vezes, recorre-se a critérios subjetivos, ou de autoridade científica, para se justificar determinado método como superior aos demais.

Mesmo o falsificacionismo refinado de Lakatos, tema sobre o qual desenvolvi um artigo no semestre passado (e que quero publicar), é contraditório. Por um lado, o autor afirma que um ramo científico é uma "boa ciência" se é progressivo, no sentido de alcançar progressivamente novas previsões, e é "degenerativo" se seu desenvolvimento está estagnado. Por outro lado, o mesmo autor afirma que os cientistas escolhem seu programa de pesquisa, dentro do qual exercerão suas atividades, com base em suas expectativas sobre o progresso ou a estagnação do mesmo. Ou seja, o critério demarcacionista da ciência, para Lakatos, acaba caindo na subjetividade.

Por outro lado, a teoria dos programas de pesquisa lakatosianos é apontada como um critério válido na ciência econômica, mas não como um demarcacionismo entre as correntes de pensamento progressivas e degenerativas, mas sim apenas para diferenciá-las e caracterizá-las de acordo com os conceitos desenvolvidos pelo autor (de acordo com Blaug (1976).

Contudo, como muito bem coloca Hausman (1994), essa atividade ainda não é plenamente conclusiva, devido a grande quantidade, à flexibilidade e às sobreposições dos programas de pesquisa na ciência econômica. O que é um "núcleo irredutível" hipotético de um programa pode ser um "cinturão protetor" de outro, ou mesmo inexistente nos demais programas. Quando apontei o individualismo metodológico e a desconexão com demais fatores relacionados a outras ciências sociais como o principal mecanismo pertencente ao "núcleo irredutível" de um programa de pesquisa neoclássico geral (independente de suas sub-divisões internas), citei no artigo (mesmo não citando no post) o próprio Hausman.

Na verdade, quando o Henrique cita o desenvolvimento da economia regional e institucional como argumentos contra a hipótese de não-relatividade social, histórica e geográfica da economia neoclássica, está, na verdade, reforçando que a definição de programas de pesquisa generalizados dentro da ciência econômica é complicado. Por exemplo, aqui no Cedeplar, o pessoal que trabalha com economia regional (e são muitos) gosta, em geral, de se referir como heterodoxos, críticos à teoria do crescimeno de Solow e do crescimento endógeno. Contudo, seu uso predominante de métodos quantitativos e econométricos avançados para dar embasamento empírico as suas teorias os afastam de muitas das correntes heterodoxas (sobretudo às que tive contato na graduação da UFGRS) de tradição mais racionalística, retórica e bibliográfica.

É por motivos como esse que a própria discussão de métodos demarcacionistas gerais para a metodologia da ciência (não só da economia) "perdeu gás" ao longo dos anos oitenta. As teorias de Popper, Kuhn e Lakatos foram progressivamente dando lugar a teorias construtivistas e pós-modernas na filosofia da ciência, as quais se caracterizam exatamente por ser mais relativistas no que diz respeito à demarcação do que é um "bom conhecimento científico". Por outro lado, partindo desse mesmo fato, outras linhas de pesquisa se desenvolveram na área de retórica científica (como que os cientistas defendem seus pontos de vista) e de sociologia da ciência (quais os meios sociais que mais propiciam o desenvolvimento das atividades científicas).

Meu conhecimento sobre o presente e o futuro da filosofia e metodologia da ciência não passa muito disso, na verdade. Mas, acho bom que ainda há muitas discussões para serem realizadas e pesquisas desenvolvidas nesse ramo.

Agradeço a contribuição do Henrique ao debate.

domingo, março 16, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 6 (Entrada da Cidade)

Após praticamente completar a abordagem de vilas isoladas presentes dentro da cidade de Porto Alegre em sua região mais tradicional, agora vou começar a apresentar os seus maiores complexos de pobreza.

Inicio com o núcleo "Entrada da Cidade", zona noroeste, composto pelos bairros Farrapos e Humaitá, entre a Free-Way e o Trensurb:


A região é predominantemente industrial, com alguns núcleos urbanos pobres dispersos. As favelas começam ao longo da Av. Voluntários da Pátria, a partir da esquina com a Av. Dona Teodora. As primeiras vistas são as "siamesas" Vila Areia e Vila Tio Zeca, ambas sem nenhuma infra-estrutura urbana, consistindo em barracos de madeira e papelão:


Mais ao norte está a Vila Esperança, próximo ao loteamento Nova Esperança (núcleo de vilas já urbanizadas):


Mais ainda ao norte, após o término da Voluntários, no extremo noroeste da cidade, estão as vilas Farrapos e DEPREC. Essa última parece ser um pouco mais urbanizada que as anteriores, mas, pela visão do Google Earth, também consiste de barracos:


No bairro Humaitá, a oeste do Farrapos, as favelas também começam a partir da Av. Dona Teodora. Destaque para a Vila dos Ferroviários (ou Santo Antônio), uma antiga invasão ao terreno do Trensurb:


A oeste, junto à Av. AJ Renner, está a Vila Operária (ou Vila AJ Renner, ou Vila Pirulito), e outras aglomerações menores juntos às moradias regulares do bairro:


OBS 1: Na internet, só consegui o nome e a localização das maiores vilas da região, que contém instituições assistenciais e comunitárias. Vilas menores, como "Vila Magnum" e "Vila Aprel do Sul" eu sei que existem, mas não consegui localizar exatamente. Agradeço qualqer contribuição.

OBS 2: De acordo com o plano diretor da cidade, a Av. Dona Teodora será o braço final (ou inicial?) da Terceira Perimetral. Quando estive em POA dezembro passado, já estavam construindo o viaduto Leonel Brizola, sob o Trensurb, ligando os bairros Humaitá e São Geraldo. A prefeitura tem o interesse de transformar o Humaitá em um bairro residencial de classe média (inclusive, já vi projetos de transferência do estádio do Grêmio para essa área). Por isso, espera-se a remoção das vilas Dona Teodora, Areia e Tio Zeca em breve.

sábado, março 15, 2008

Promoção

Quinta-feira, recebi a notícia que fui "promovido" a bolsista CAPES (federal), em vez de ter que renovar a bolsa FAPEMIG (estadual). Considero isso uma promoção porque há a expectativa de aumento tão logo o orçamento da União fosse aprovado. E foi aprovado na última quarta-feira.

quarta-feira, março 12, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 5 (Área Nobre)

Após iniciar com a Vila Keddie, na Nilo Peçanha, agora vou apresentar todas as vilas presentes na região mais "nobre" de Porto Alegre (isto é, com menos vilas). Essa região, em resumo, vai do Centro da cidade até os bairros Chácara das Pedras, Cristo Redentor e Lindóia, em um sentido leste-oeste, e do aeroporto até os estádios e as avenidas Bento Gonçaçves e Protásio alves, em um sentido norte-sul.

As favelas nessa região são pequenas em tamanho e população, são isoladas uma das outras, e são mais passíveis de remoção e urbanização pela prefeitura, já que são mais visíveis ao público.

Na parte mais nobre do Centro, junto aos prédios administrativos, está a vila Chocolatão (por ficar junta ao prédio da Receita Federal, o Chocolatão), construída a pouco mais de 10 anos por papeleiros que vivem de reciclagem de lixo no Centro. Boa parte dos seus barracos é feita de lixo reciclado. Está em processo de remoção:


No bairro Cidade Baixa, próximo às avenidas Ipiranga e Praia de Belas, está o Beco Luis Guaranha (ou Vila Guaranha):


Observa-se que essa área da Cidade Baixa (antigo bairro da Ilhota) era uma região tradicional de favelas em Porto Alegre até a metade do século XX, quando seus moradores foram transferidos para a Restinga, na zona sul.

No bairro Azenha, está a Vila Zero Hora, em processo de remoção populacional para COABs da prefeitura. Existem relatos sobre uma "Vila Casas Tigre" próxima, mas não encontrei no Google Earth. Talvez seja o nome da parte leste dessa vila (próxima à sede das Casas Tigre), ou seja uma vila já removida:


No bairro Santana, junto à Avenida Ipiranga, está a Vila do Sossego, cortada por ruas:


Na frente do Bourbon Ipiranga, e junto à 3a Perimetral, está a Vila São Pedro, composta por dois núcleos (um deles também é conhecido como "Vila Cachorro Sentado", mas não sei qual). Seu nome decorre de sua situação: é uma invasão à área do Hospital Psiquiátrico São Pedro:


Mais ao norte está a vila Juliano Moreira, invasão ao Jardim Botânico:


Por fim, ao norte do Country Club, no final da Av. Anita Garibaldi (bairro Passo da Areia), está a Vila Cosme Galvão:


Essa vila em sua maior parte foi urbanizada pela prefeitura, e é bem menos pobre do que as demais. Não consiste de barracos, mas sim de casas de alvenaria simples. Além disso, está "encolhndo", já que muitas casas de sua área estão dando lugar a prédios, em um processo de verticalização urbana que atinge todo o seu bairro.

Além dessas vilas, pode-se encontrar referências na internet a outras pequenas favelas nessa região da cidade, como Vila das Placas, Vila Lupicínio Rodrigues, Vila Planetário, Vila dos Anjos e Vila Terminal Azenha. Contudo, essas vila já foram removidas para COABs (alguns construídos nos próprios lugares onde as vilas estavam, como a esquina da Azenha com a Princesa Isabel, o antigo Terminal Azenha), e não podem mais ser visualizadas no Google Earth.

segunda-feira, março 10, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 4 (Vila Keddie)

A vila que eu vou mostrar nesse post é a única favela de Porto Alegre que eu já entrei propriamente. Estou falando da Vila Keddie, localizada na Av. Nilo Peçanha, entre os bairros Três Figueiras e Boa Vista. Na verdade, a Vila Keddie é a única favela (mesmo sendo apenas um beco) de POA que se localiza entre os bairros de classe alta. As outras vilinhas da "área nobre" da cidade ficam mais próximas aos bairros antigos e às grandes avenidas.



Como se pode ver na imagem, a vila percorre um beco junto ao muro do Country Club (clube de golfe), e é quase oculta pelas árvores. Localiza-se ao lado da concessionária Savarauto, da Mercedes-Benz, na frente de um Mc Donalds, e a uma quadra do Colégio Anchieta, um dos mais tradicionais colégios privados da cidade (e onde eu estudei).

Visitei a vila no ano 2000, época em que eu estudava no Anchieta e estava mais ligado a compromissos religiosos (como a Crisma). Fui lá com alguns colegas e padres do colégio para entregar alimentos para a associação de moradores do local. Me lembro que, quando eu entrei lá, fiquei bastante assustado não pela miséria ou pela violência do local, mais comuns quando cidadãos de classe média imaginam em uma favela, mas sim com a sujeira. O lixo e o esgoto se misturavam ao chão do beco e aos barracos, crianças brincavam na rua com seus corpos cobertos de moscas (e elas não pareciam se importar em nada com isso), e o cheiro do ambiente era quase insuportável.

A vila, desde aquela época, sempre esteve para ser removida para COABs. Contudo, nunca vi nenhuma obra a respeito. E já vi muitas teorias sobre isso: a vila seria uma reserva indígena, ou então um quilombo (tal como o terreno na Nilo Peçanha na sua frente era, antes de ser vendido), ou mesmo um terreno comprado por algum supermercado que estaria negociando a remoção com os moradores. Acompanhando o mapa da cidade, aquela região parece ser terreno municipal, de uma certa "Avenida Frei Caneca", irregularmente ocupada pelos barracos.

A visita à Vila Keddie a quase oito anos atrás iniciou minha preocupação com as condições das favelas de Porto Alegre. E isso não tanto por questões meramente urbanísticas, já que a maioria das vilas, mesmo as localizadas dentro da cidade, encontra-se escondida em vilas, morros e vales. Mas sim por preocupação com as condições de higiene e de saúde de seus moradores (principalmente as crianças), com conseqüências profundamente negativas para suas vidas. As cenas que eu vi lá me marcaram para sempre.

quinta-feira, março 06, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 3 (Arquipélago)

Atendendo a inúmeros pedidos, pesquisei a respeito das favelas no bairro Arquipélago de Porto Alegre, que se localiza nas ilhas do lago Rio Guaíba, na divisa com os municípios de Guaíba e de Eldorado do Sul.

O mapa geral do bairro é o seguinte:


As vilas localizam-se nas quatro ilhas povoadas residencialmente: Ilha do Pavão, Ilha Grande dos Marinheiros, Ilha das Flores, Ilha da Pintada. Como eu já havia dito em posts anteriores, as favelas nessa região, apesar de notoriamente muito pobres, com barracos de madeira e sem nunhuma infra-estrutura, são pequenas e de barracos dispersos, o que dificulta a localização. As principais zonas de pobreza, para facilitar a observação, foram circuladas em vermelho.

Na Ilha do Pavão, a favela localiza-se na costa oeste, junto à BR-290, e abaixo da ponte sobre o lago:


Na Ilha Grande dos Marinheiros, a maior região de barracos localiza-se na costa leste, próximo à BR. Ao sul e à oeste, encontram-se algumas comunidades favelizadas espalhadas:


Na Ilha das Flores, célebre por um documentário honônimo que descreve a vida de seus moradores mais pobres na coleta (e consumo) de lixo urbano, a favela é visível, e percorre a extensão de toda a estrada. À sudoeste da ilha, encontram-se casas grandes, de classe média:


Na Ilha da Pintada, cujo acesso por terra é mais difícil (fica longe da BR), a localização das favelas é bem mais complicada, já que as regiões de barracos se confundem com casas maiores, estaleiros e empreendimentos que parecem ser de cunho comercial (como galpões). As concentrações de barracos são muito "picadas" pelo mapa:


Agradeço qualquer informação adicional sobre essas vilas.

terça-feira, março 04, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 2 (Trevo da BR)

Depois de mostrar um panorama geral da pobreza em Porto Alegre, vou apresentar as favelas e vilas de modo mais específico, isoladamente ou agregadas em complexos.

A primeira favela dessa parte do "trabalho" é a Vila Santo André, localizada abaixo do trevo da entrada da cidade, entre a Free-Way, a BR-116 e a Av. dos Estados. Essa favela é o primeiro núcleo residencial visto por quem chega à cidade pela avenida do Aeroporto. Parece que "saúda" os veranistas portoalegrenses que voltam da praia, pela Free-Way.

A vila é pequena, mas é muito pobre. Os barracos são de madeira, e rodeados de lixo.

segunda-feira, março 03, 2008

Mapa da Pobreza em Porto Alegre - 1

Depois de me perder em divagações metodológicas, que renderam cinco posts enormes, meu novo projeto blogueiro é a construção de um mapa da pobreza em Porto Alegre. A metodologia consiste em utilizar o software Google Earth, marcando as regiões de vilas e favelas na cidade. Suas localizações são coletadas por pesquisas no Google, de postos de saúde, associações de moradores e instituições comunitárias das vilas.

A idéia não é nova, para falar a verdade. Me inspirei no post publicado nesse site, mais genérico: http://www.verbeat.org/blogs/gejfin/2006/07/porto-alegre-e.html

Meu objetivo é rebater a idéia senso-comum de que Porto Alegre é uma cidade sem favelas, ou mesmo que as favelas se concentram apenas na periferia da cidade. Porto Alegre apresenta grandes complexos de pobreza que em nada devem aos complexos cariocas.

Em uma visão geral, este é um mapa da pobreza em POA:




Observo que as marcações amarelas representam vilas e favelas, e as marcações vermelhas representam pontos de referência.

Como se pode ver, Porto Alegre é cheia de vilas. Elas se concentram nas periferias apenas nas zonas norte, nordeste e leste. Na divisa com a zona sul, os principais morros que cortam a cidade (morro Santana, morro da Cruz, morro da Polícia, morro Santa Tereza) estão rodeados de construções irregulares, e, na zona sul, vilas dividem espaço com condomímios de luxo e bairros de classe média.

Mas também é verdade que Porto Alegre apresenta uma região "nobre", isolada dos complexos de pobreza. Essa região vai do Centro até a FAPA (em um sentido leste-oeste), e do Aeroporto até os estádios de futebol, a Av. Ipiranga e a av. Protásio Alves (em um sentido norte-sul). Essa região apresenta uma auto-suficiência em comércio, empregos e serviços, passa por um processo de verticalização predial, com a escassez de áreas baldias para construção, e suas vilas são isoladas, esparsas no território. Nessa região, encontram-se os bairros mais tradicionais da cidade: Centro, Cidade Baixa, Moinhos de Vento, Rio Branco, Petrópolis, Bela Vista, Boa Vista, Higienópolis, Três Figueiras, Chácara das Pedras, Mont Serrat, etc.




As vilas nessa região são pequenas (quase becos), e estão em constante processo de urbanização. Como exemplo, observa-se a Vila Chocolatão (Centro), o Beco Luiz Guaranha (Cidade Baixa), a Vila Zero Hora (Menino Deus), a Vila Keddie (Boa Vista) e as vilinhas do bairro Vila Jardim, próximas ao Shopping Iguatemi e ao Parque Germânia. Várias outras vilas nessa região já foram transferidas para COABs.

Esse post é o primeiro de uma série sem previsão de acabar (mas que será intercalada com outros posts, é claro!).