Para controlar os efeitos de sazonalidade, já que o mercado de trabalho é sempre mais aquecido no início do ano e mais retraído em julho, considerei na tabela apenas os meses de julho desde o início da série histórica, em 2002. A tabela mostra um resultado surpreendente: na maior parte das grandes regiões metropolitanas, o ciclo de crescimento econômico iniciado em 2004 mal conseguiu repor para os trabalhadores as perdas acumuladas pela crise de 2002-2003. Marquei em amarelo o ano em que o indicador, para cada série, é superior ao patamar de 2002. Em São Paulo e em Recife, isso ainda não aconteceu. As exceções foram Belo Horizonte e Salvador, onde o rendimento médio real do trabalho principal foi acima de 25% maior no final da série do que no seu início.
É importante destacar que a amostra compreende apenas essas seis regiões metropolitanas. Regiões que aparentaram ter desempenho econômico mais próspero na última década, como o Centro-Oeste e a cidade de Vitória, no Espírito Santo, ficaram de fora. Contudo, dado o peso populacional das maiores regiões metropolitanas do país, esse resultado indica que a situação do mercado de trabalho no país está menos cor-de-rosa do que muita gente divulga por aí.