quarta-feira, dezembro 17, 2008

Sobre o Concurso do IPEA

Domingo passado, fiz o concurso para o IPEA. Minha área é "Macroeconomia e Desenvolvimento". A prova consistia em 50 questões gerais, 70 questões específicas e duas redações.

De um modo geral, achei a prova fácil, com exigência de nível graduação. Principalmente as questões específicas de áreas, foram cobradas pontos específicos de teorias macroeconômicas e de determinados autores, sem exigências em termos de formalização. Ao contrário do que eu li em muitos blogs pela Internet, criticando viéses ideológicos nas provas de Relações Internacionais e de Sustentabilidade Ambiental, na minha área não vi isso. Houve, sim, questões referentes ao pensamento macroeconômico pós-keynesiano, aos ciclos financeiros de Minsky (muito em moda com a atual crise, diga-se de passagem) e a determinados pontos em HPE e teorias do desenvolvimento latino-americano. Mas já estava previsto no programa da prova. Nada que uma revisada nos manuais do Stanley Brue e do Nali de Jesus, e num artigo do Cardim de Carvalho, não resolva. O demais, foi macroeconomia tradicional de graduação.

As duas questões dissertativas foram, primeiro, uma comparação entre a visão de ciclos e desemprego nas teorias novo-clássica, novo-keynesiana e pós-keynesiana, e segundo, a relação entre taxa de câmbio e taxa de inflação na política econômica brasileira contemporânea. Na primeira questão, consegui explicar a estrutura teórica das três correntes. Na segunda questão, expliquei o mecanismo do modelo IS-LM-BP, em que a taxa de câmbio é endógena à política econômica de curto prazo, e, alternativamente, a tese do Yoshiaki Nakano (FGV-SP), para quem a taxa de câmbio é o principal determinante das acelerações inflacionárias domésticas no Brasil, pelo seu impacto sobre os custos dos insumos importados para as empresas. Espero que esteja certo...

Como críticas à prova, destaco a parte de "lógica", semelhante aos exercícios das revistas Coquetel. Acho que questões de matemática, mesmo de cálculo e álgebra de nível graduação, seriam mais apropriadas para economistas. Além disso, a facilidade da prova específica de área pode se tornar um problema, já que tende a criar um embolamento de candidatos nas primeiras posições do concurso. Só porque o conteúdo da prova é de nível graduação, não é por isso que os alunos de pós-graduação não vão fazê-la. Além disso, isso incentiva comportamentos de propensão ao risco, em níveis acima do recomendado para provas em que respostas incorretas contam pontos negativos, como esta.

Espero que tenha dado tudo certo. A prova oral, para os melhores classificados será no final de fevereiro, em Brasília.

3 comentários:

Anônimo disse...

Aêêê, Ricardo! Tô vendo que você aprendeu a usar hiperlinks! (risos).

Interessante sua resenha da prova.

Boa sorte nas próximas etapas!

=)

Enoch

Amy Mizuno disse...

não sabia que tu tinha feito o concurso. Boa sorte... e aquela banda na cidade baixa? também quero falar sobre questões acadêmicas contigo. marcaremos...
bjs

Ricardo Agostini Martini disse...

Elon,

Os hiperlinks são meu novo vício...

Obrigado pelos votos! Espero q dê certo.

Juliana,

Pode ser amanhã? Tá ocupada? Semana q vem (acho q na terça), vou para a praia, e fico uma semana.

Abraço