Uma das discussões mais importantes na macroeconomia do crescimento é sobre a convergência econômica, isto é, a possibilidade de haver alguma simetria entre as trajetórias do produto de diferentes economias, mesmo que elas partam de diferentes posições iniciais. Em outras palavras, discute-se se as relações de desigualdade entre as economias tendem a se reduzir, se manter, ou mesmo aumentar ao longo do seu processo de desenvolvimento. O artigo “The Classical Approach to Convergence Analysis” (1996), do professor da Columbia University Xavier Sala-i-Martin explica, com exemplos, quatro hipóteses distintas de convergência.
Em primeiro lugar, a convergência beta-absoluta determina que as economias inicialmente mais pobres tendem a manter uma trajetória de crescimento mais elevado do que as mais ricas. Em termos mais formais, supondo que, para uma determinada amostra de economias, seja a taxa de crescimento do produto per capita real da economia i de t a T, e yi,t o nível do produto per capita real no período inicial t:
Se, em um teste econométrico, for encontrado um coeficiente beta maior do que zero, caracterizará uma situação de convergência absoluta entre o produto real per capita das economias.
É importante ressaltar que a definição de convergência beta-absoluta supõe que diferentes economias diferem apenas em seus estoques iniciais de capital, havendo uma única trajetória de estado estacionário para todaa a população de economias, o que, na maior parte dos casos, é uma hipótese bastante irrealista.
Em segundo lugar, a definição de convergência beta-condicional supõe que as economias diferem, além de em seus níveis iniciais de capital, também nos seus níveis iniciais de tecnologia, nas suas propensões a poupar e nas suas taxas de crescimento populacional. Ou seja, parte do pressuposto de que as economias tendem a diferentes estados estacionários, cada uma de acordo com suas próprias características. Por isso, essa definição prevê que a taxa de crescimento de cada economia está positivamente relacionada com a distância do seu estado estacionário, quanto mais distante, maior será o ritmo de crescimento. Por outro lado, se as economias tiverem as mesmas características, irão para um estado estacionário idêntico, de modo que as inicialmente mais pobres, por estarem mais distantes da sua trajetória de estado estacionário, crescerão mais, caracterizando uma situação de convergência beta-absoluta.
Nesse mesmo sentido, uma forma alternativa de se estudar a convergência do produto de diferentes economias é pela definição da convergência por clubes, isto é, pela técnica de se selecionar uma amostra de economias de características semelhantes por hipótese, com estados estacionários próximos, isto é, com uma estrutura de instituições, dotações tecnológicas e preferências dos agentes econômicos relativamente homogênea. Sala-i-Martin cita como exemplos de convergência por clubes de economias estudos empíricos aplicados para as economias desenvolvidas da OECD, os estados americanos e as prefeituras do Japão.
Por fim, uma definição alternativa de convergência econômica é a convergência sigma. Segundo essa hipótese, um grupo de economias converge se a dispersão de seu nível de produto real per capita tende a decrescer ao longo do tempo, isto é, σt+T > σT, em que σt é o desvio do log (yi, t) da economia i. Observa-se que a beta-convergência é condição necessária, mas insuficiente para haver sigma-convergência. Isto é, para haver sigma-convergência, é necessário que as economias mais pobres cresçam mais rápido do que as mais ricas, mas se elas ultrapassarem e se distanciarem dessas economias, a dispersão não reduzirá, a desigualdade se manterá, e não haverá convergência.
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Há 27 minutos
2 comentários:
Parabéns pelo trabalho.
Porém da uma olhada no sinal, segundo o paper que voce cita o sinal é invertido
σt+T > σT
Se cuida!
Grande Abraço.
Joao.
Parabéns pelo trabalho.
Apenas uma sugestao, da uma olhada na formula do paper a que voce se refere, pois acredito que o sinal ali esteja invertido.
σt+T > σT
Se cuida!
Abraço
Joao
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