Nesses últimos dias, foi divulgado
o resultado do exame ENEM 2010 das escolas brasileiras. O resultado final mostra o predomínio dos colégios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais sobre os dos demais estados brasileiros. Além disso, alguns dos estados mais pobres do Brasil, como o Piauí, tiveram colégios muito bem posicionados.
Os rankings de cada estado foram divulgados no site da Folha de São Paulo.O segundo melhor colégio do Brasil é o Instituto Dom Barreto, de Teresina. É uma escola de muita tradição, sempre figura entre os melhores do país em qualquer ranking. Tive um colega de mestrado no Cedeplar-UFMG que fez o Ensino Médio nessa instituição. Depois disso, se graduou em engenharia pelo ITA e está trabalhando como analista do Banco Central.
A minha decepção foi o Rio Grande do Sul. Ainda que o resultado médio dos colégios gaúchos tenha ficado acima da média brasileira, o melhor colégio do meu estado de origem foi o Colégio Militar, que só ficou entre o 80 e o 90 nacional. Além disso, o interior predominou sobre a capital. A escola que frequentei desde o jardim-de-infância até o Ensino Médio, o Colégio Anchieta, foi o n. 53 do estado.
Essas características do ensino rio-grandense - qualidade acima da média nacional, mas sem instituições de ponta - é um tema que merece ser pensado com cuidado. Uma hipótese é uma cultura de displicência acadêmica que tomou conta dos estudantes rio-grandenses pelo menos desde os anos 90. Quando morei e estudei em Porto Alegre, tanto no Ensino Médio como na Universidade Federal conheci poucos colegas que realmente tomavam gosto pelo conhecimento, que estudavam porque queriam aprender novos temas. A grande maioria via a educação apenas como a busca de títulos, isto é, o importante era apenas se formar, e de preferência fazendo o mínimo esforço possível. Mais tarde, quando migrei para Minas Gerais, notei que o compromentimento dos alunos da UFMG com sua formação era muito diferente dos alunos da UFRGS.
Outra hipótese, mais econômica, teria a ver com a má situação do mercado de trabalho no estado. É sabido que muitos jovens recém-formados no Rio Grande do Sul têm que migrar para as capitais do Sudeste em busca de melhores alternativas de empregos. Talvez essa fator, e as baixas expectativas para o futuro, faz com que os agentes envolvidos no processo de educação (alunos, famílias, professores e dirigentes das instituições) não tenham incentivos para buscar melhorias, e se mantenham, como se diz na economia, em um equilíbrio de Nash sub-ótimo.