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E ainda, o Congresso americano recusou a colher de chá para os investidores falidos. Se por um lado, isso pode gerar uma crise de liquidez com impactos negativos de curto prazo sobre o crédito ao consumo e ao investimento produtivo, por outro lado, reduz o risco moral dos mercados financeiros americanos. Pois, a especulação de curto prazo no mercado financeiro é rentável exatamente porque é arriscada; se o governo assumir o risco dos agentes nas crises, espera-se que esses agentes realizem aplicações financeiras ainda mais arriscadas.
A bolha financeira estourou devido à valorização artificial das aplicações financeiras devido a pressões de demanda, pelos investidores. Porém, mesmo que a economia financeira internacional tenda a crescer mais do que a economia real devido ao aumento da velocidade de circulação da moeda, causado pelas inovações tecnológicas computacionais nesses mercados, ela não pode ficar eternamente descolada do seu equilíbrio, determinado pelos fundamentos reais da economia. Mais cedo ou mais tarde, era lógico que o mercado iria voltar para a sua trajetória.
Eu, que invisto em fundos de ações do Banco do Brasil, da Petróbrás e da Vale do Rio Doce, estou interessado no desempenho dessas empresas a um prazo de 10 ou 20 anos. Portanto, só me preocuparei com a crise financeira se ela afetar as decisões de investimento dessas empresas. Quem investe no curto prazo, esperando a valorização de ações em prazos de dias ou semanas, pode obter retornos maiores que os meus, se conhecer o comportamento do mercado. Mas deve assumir os riscos envolvidos nessas operações.