Corrigi minha prova de Macroeconomia para Administração ao longo da semana passada, uma questão por dia. Seguindo a sugestão do Enoch, tracei em uma folha de papel os requisitos necessários para atingir diferentes pontuações dentro de uma questão.
Por exemplo, na primeira questão, sobre a história da macroeconomia, perguntei os fundamentos da economia neoclássica pré-keynesiana, o contexto da revolução keynesiana e os fundamentos do pensamento de Keynes. Corrigi da seguinte forma: a questão inteira valia 2,5 pontos (1/4 da prova); quem identificou até 2 características da economia neoclássica antes de Keynes (por exemplo, equilíbrio geral e neutralidade da política econômica) ganhou 0,6, e quem ainda conseguiu relacionar e explicar essas características ganhou 0,8; quem identificou o contexto histórico da mudança de paradigma da macroeconomia com a crise de 1929 ganhou 0,8; e quem identificou duas características do pensamento de Keynes (por exemplo, incerteza e efeito multiplicador dos gastos autônomos) ganhou 0,6, e quem conseguiu explicar bem, ganhou 0,8. Somando as três partes da questão, dá 2,4. O 0,1 restante dei "de brinde" para quem não deixou a questão em branco.
Li várias pérolas na prova, como escrevi no post passado. A economia neoclássica foi interpretada como diretamente influenciada pela fisiocracia. Keynes foi confundido com Adam Smith e com Marx. Consumo é tudo o que se consome na economia. Tributo direto é todo aquele tributo que é difícil de escapar. Fora aqueles alunos que se lembraram das características da economia neoclássica de suas aulas de microeconomia, e para deduzir Keynes, apenas elevaram as hipóteses na menos um: se na economia neoclássica o agente é racional, em Keynes ele é irracional, ou pior, emotivo (!).
Todo caso, corrigi minhas provas com "muito carinho", nas palavras do Enoch, aproveitando a intenção do aluno em responder. Ignorei os erros aleatórios em uma questão, se o aluno respondeu tudo o que perguntei corretamente. Procurei pescar os termos corretos ao longo dos textos, ou parágrafos, ou mesmo frases. No final das contas, a média da turma ficou em 6,8, e, das 48 provas que corrigi, apenas 10 ficaram abaixo de 6. Por outro lado, apenas 5 alunos tiraram notas acima de 9, sendo que um ficou com 10. A média dos alunos que participam em sala de aula, isto é, que comparecem nas aulas e tiram dúvidas, ficou em 8.
Agora terei outra experiência tensa na minha estréia como professor universitário: devolver as provas. Tenho que avisar à turma que, quem quiser reclamar alguma nota, terá que fazer isso com base na bibliografia do curso, e não na nota de algum colega. Letras feias, idéias enroladas e fuga do tema, mesmo fazendo parte da matéria das aulas de português pré-vestibular, ainda são motivos para se perder pontos na prova de economia. Pelo menos, comigo.
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