Meu professor Hugo Cerqueira (Cedeplar-UFMG) divulgou no Facebook um gráfico do número de vezes em que os nomes de Marx, Keynes, Schumpeter e Hayek são citados em livros da base do Google Books (livros em inglês de 1960 a 2010). Tomei a liberdade de incluir nesse quarteto o nome de Friedman, mesmo admitindo o risco de ele ser confundido na pesquisa com o jornalista Thomas Friedman. O gráfico encontra-se abaixo, clique para ampliar.
Marx é o autor mais citado, de longe, mesmo que desde os anos 80 suas citações estão em uma acelerada queda. Esse movimento de queda se acelerou na década de 90, como esperado, mas ainda em 2010 é o primeiro colocado. Certamente isso se deve ao fato de que a corrente teórica do autor vai além da economia, atingindo vários ramos das ciências sociais, como a sociologia, a ciência política, a antropologia, a história, a geografia e até mesmo a pedagogia.
Em segundo lugar, há uma interessante disputa entre Keynes e Friedman. Keynes dominou até 1973, ano do primeiro choque do petróleo. Com essa crise, as taxas de inflação norte-americanas se aceleraram, de modo que a sua estabilização passou a ser o foco da política macroeconômica. Por isso, a partir desse ano, as citações de Friedman superaram as de Keynes. De 1985 a 1995, passou a haver um empate entre os dois autores, e a partir do último ano, a balança voltou a pender para o lado de Friedman. Gostaria de ver se esses movimentos têm relação com a conjuntura macroeconômica desses períodos.
Schumpeter e Hayek são os autores minoritários, como esperado. A partir de 1990, Hayek tem um pequeno crescimento, superando o primeiro, mais seu volume de citações continua tímido.
Independentemente do ranking de citações, os cinco autores tiveram uma queda no volume de citações a partir de 2005. Talvez isso seja um reflexo da falta de novas idéias no campo da ciência econômica, cujo desenvolvimento está cada vez mais nos campos da formalização matemática e das técnicas estatísticas do que na intelectualidade. Outra hipótese pode ser um encolhimento da importância acadêmica da economia frente aos possíveis avanços da administração e das finanças. Ou ainda, não se pode descartar um desinteresse crescente das pessoas, no presente, com qualquer forma de intelectualidade, incluindo a história do pensamento e as idéias dos antigos mestres.
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