O Adolfo Sachsida fez um ótimo ensaio sobre o que a literatura econômica já disse sobre a relação entre armas de fogo e a violência, e quais as implicações dessa relação para a política pública.
De um lado, há o argumento de que a posse de armas de fogo pela população reduz a criminalidade. Segundo essa visão, a probabilidade das vítimas da criminalidade reagirem e terem sucesso na reação é maior se elas estiverem armadas, e isso pode inibir os potenciais criminosos a praticar violência.
De outro lado, há o argumento mais de acordo com o senso-comum, que diz que as armas de fogo estão positivamente relacionadas com a violência. Isso aconteceria não apenas graças ao maior risco de mortes por armas em acidentes domésticos, mas também pela lógica de que toda arma ilegal - na posse de criminosos - já foi um dia uma arma legal - na posse de um cidadão que procurava sua defesa e/ou executar suas atividades profissionais. Por isso, quanto mais armas legais estiverem disponíveis em um território, maior é a oportunidade para que criminosos venham a tomar essas armas e a torná-las ilegais.
O Adolfo Sachsida elaborou um excelente meio termo entre essas duas visões. Citando um artigo empírico de sua autoria, as armas de fogo podem estimular ou inibir a violência de acordo com onde são utilizadas. Segundo o estudo, as pessoas que possuem armas de fogo e as mantêm dentro de suas residências estão preocupadas em defender suas vidas e seu patrimônio, e com isso inibem a criminalidade. Por outro lado, quem possui armas de fogo e as carrega fora de sua residência, tem maior probabilidade de manter um comportamento violento ou de ter sua arma roubada, e com isso incentiva a violência.
Então, a melhor opção política para a questão das armas de fogo, segundo os estudos elaborados até agora, é liberar a compra e venda de armas de defesa pessoal, mas proibir a sua posse em áreas públicas.
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