O embate entre diferentes pontos de vista dentro de uma mesma matéria transcede a Ciência Econômica, e está presente nas mais diversas áreas do conhecimento humano.
Li uma reportagem sobre um debate bastante acirrado dentro da biologia, mais especificamente, na área de genética. Segundo o artigo, os biólogos ditos "ortodoxos" defendem o determinismo do indivíduo (humano ou não) pelo seu código genético, em relação a praticamente todas as suas ações e potencialidades. Segundo esses pesquisadores, a função da vida de um indivíduo não é nada mais do que passar o seu DNA adiante. Por outro lado, os "heterodoxos" diferenciam o comportamento humano dos demais seres vivos. Segundo esses, os indivíduos da espécie humana são influenciados pelo seu meio social e pela sua cultura de modo tão intenso como a sua carga genética. Portanto, não haveria determinismo em relação ao comportamento humano.
Essa reportagem me fez pensar os limites mais genéricos dessa discussão presente dentro da Ciência, que divide os pontos de vista dos pesquisadores em dois blocos principais, geralmente rotulados de "ortodoxos" ou "heterodoxos":
-De um lado, existe a ciência "ortodoxa", determinística, fria e calculista. Todo indivíduo, toda partícula existente no universo tem um motivo para estar onde estiver e fazer o que estiver fazendo. A expressão lógica do funcionamento das forças naturais (incluindo o comportamento humano) é a linguagem matemática, isso é, a expressão da racionalidade lógica que governa o nosso Universo.
-De outro lado, temos a ciência "heterodoxa", que centra suas análises nos princípios de incerteza, do caos, da aleatoriedade. "Não existe uma verdade absoluta, e mesmo que existisse, estaria acima dos limites da inteligência humana" é o seu lema, inspirado na filosofia sofista. Dentro das ciências sociais (economia, sociologia, psicologia, etc.), o comportamento individual e coletivo deixa de ser fundamentado na racionalidade e na carga genética, e passa a ser explicado por fatores mais abstratos, tais como a emoção, a tradição cultural (Weber), as relações de dominação (Marx), os desejos contidos (Freud).
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