Esse foi um tema de conversa entre os três membros da República Gaúcha do CEDEPLAR (Eu, Bruno e Rubens) em um boteco da Cidade Nova, regada a cerveja. Mesmo vários anos após a entrada na faculdade (5 anos para mim, 7 ou 8 anos para eles), relembramos os primeiros dias como se tivessem ocorrido na semana passada.
Meu primeiro dia de aula na UFRGS aconteceu em uma segunda-feira, em maio de 2002. A aula era para começar logo depois do jogo entre Brasil e Turquia na abertura da Copa do Mundo da Ásia, isto é, ali pelas 8 da manhã. Eu me lembro que fazia um clima nublado e escuro, aquela umidade morna muito característica de Porto Alegre, e que eu não sinto a menor saudade agora vivendo em Belo Horizonte.
Cheguei na FCE acho que meia hora antes. Não sabia qual era a sala de Introdução à Economia, mas sabia que ficava numa tal de Ëscola Técnica de Comércio". Perguntei para os porteios da faculdade. Obviamente, eles não sabiam, e voltaram a dormir logo depois (o cheiro deles, de cigarro misturado com suor e café velho me causou repugnância). Em seguida, perguntei para um cara de terno, gravata e pasta de couro que estava no saguão da FCE. Me lembro que o chamei de "senhor", achando que ele era um professor. Depois, vi que ele era estudante de Administração, e meu colega em Introdução à Contabilidade. O cara me falou: "Olha, pergunta para o cara do bar, que ele é quem mais sabe das coisas por aqui."
Então, entrei no bar do Fabiano (fundos do saguão da FCE) e perguntei. Incrivelmente para mim, ele sabia de cor o lugar da Escola Técnica de Comércio e o número da sala de Introdução à Economia, e ainda me falou como chegar lá (naquela época, ainda tinha aquela grade separando os prédios da Economia e do Direito da UFRGS). Atravessando um corredor de lodo (também não tinham colocado piso de pedra ao redor da FCE), cheguea a tal Escola Técnica, um cortiço de várias salas de aula paralelas, localizado nos fundos da FCE, entre um estacionamento e um depósito de lixo. De cara, vi que o cheiro e o barulho do lugar não correspondiam ao que eu esperava de uma universidade federal (más influências do Colégio Anchieta).
Cheguei na porta da sala de aula, tinha um sujeito gordinho sentado na mesa do professor a fazer discursos para a turma. Pedi autorização para entrar, pois estava atrasado, e ele prontamente me concedeu. Só que ele não era professor, era um colega meu, de histórias muito famosas pela faculdade, que será carinhosamente chamado de X nesse post. Pois bem, mal entrei na sala e sentei-me ao lado de um colega chamado Mauro (que se tornou um dos meus melhores amigos em toda a graduação), e X soltou sua primeira pérola: "Agora que chegou mais gente, vamos começar uma nova rodada de apresentações. Meu nome é X, tenho 22 anos, sou de família descendente de russo com polonês e eu danço polka". Em seguida, me apresentei: "Meu nome é Ricardo, tenho 17 anos e sou colorado." Os demais colegas preferiram, assim como eu, se apresentar com nome idade e time de futebol, sem entrar em detalhes de origem familiar e habilidades com dança.
A professora de Introdução à Economia não apareceu (um professor matar aula? Na UFRGS? Onde já se viu? Assim pensamos toda a turma...), e todos os colegas conversamos bastante, criando nossos primeiros laços de amizade. Me lembro que estavam lá o Mauro, o Matheus, o Rodrigo, o Rafael, a Rafaela Grazziotin (famosa jornalista do RS, e muito amiga minha), o André, a Luana, o Julius, o Oliver, o Fabiano (jornalista da Zero Hora), o Peteffi, a Luciana, e um senhor de cerca de quarenta anos chamado Cândido Ernesto, que fez um discurso sobre o esforço para voltar a estudar depois de várias décadas. Detalhe que ele sumiu da faculdade no segundo semestre do curso.
Às 9:30 da manhã nos dirigimos para a sala 22 da FCE (mas que memória, hein???) para a aula de Cálculo Diferencial Integral I. Cálculo I, mesmo tendo uma matéria trivial comparado com a matemática que estou vendo agora, já deu uma boa idéia das aulas de matemática pós-colégio: páginas e mais páginas de caderno para copiar, milhares de demonstrações e exemplos, e, quem quiser fazer exercícios, pegue o manual e faça em casa porque o gabarito está no livro. Me assustei com o ritmo da aula, mas já estava esperando isso.
Às 11:10 da manhã, voltei caminhando para casa com o Peteffi e X, que ficou o tempo todo contando a história de sua família e da Rússia, prendendo nossa atenção.
Os demais dias do primeiro semestre da graduação não me trazem tantas lembranças. No segundo dia, conheci colegas e professores novos, ainda achava estranho ter cada aula em uma sala (ou mesmo prédio) diferente, com uma turma diferente, envolvendo alunos de Economia, Contábeis, Atuariais e Administração, conheci o RU, viciei-me em café preto, comecei a jogar sinuca no DAECA (ensinado pelos tablemasters Éverton e Risco), levei trote (e até que gostei).
Outro dia escrevo mais lembranças antigas da UFRGS. Mas, é verdade, parece que tudo isso aconteceu na semana passada.
Os livros de 2024
Há 17 horas
8 comentários:
oi, meu bem!
o texto tá mal escrito, mas foi algo que eu escrevi ali no momento...
você me inspirou. ;)
ô, nostalgia!
Bah, até eu começei a sentir saudade da faculdade após ler teu relato...
Caroline: quem tu é?
Bah,
eu e o everton ensinando sinuca? heheheheheh
esses bixos acreditam em tudo, hehehehehehe
mas valeu pela lembrança
X
hauhauahuahauhauhauhau
Como assim "Caroline quem tu é?". Até foto minha no teu orkut tu tens? tudo bem contigo? Beijos
Ah, Carol! Beleza!
Bjo
Postar um comentário