Bá... nem acredito que já vai fazer um mês desde que mudei para Belo Horizonte. Tudo passou tão depressa (olha o clichê!).
O mestrado já começou com força total. A cadeira de Introdução à Estatística equivale a toda a estatística da graduação, só que com mais fundamentos matemáticos, e dá para acompanhar, apesar de cada aula ter mais de três horas. Já a outra cadeira que estou fazendo, Introdução à Economia Matemática, trabalha com Análise Real, uma área da matemática muito próxima do caos... Não há cálculos, apenas demonstrações e teoremas absurdos. Dá saudade das aulas de Álgebra Linear e do Jorge Araújo na graduação da UFRGS. E já começou Econometria na semana passada, que promete ser a cadeira mais difícil do semestre. Espero que eu sobreviva...
E o curso daqui do Cedeplar-UFMG é bem ortodoxo e matematizado. Ainda cou ter nesse semestre mais duas cadeiras da matemática (Equações Diferenciais e Otimização Dinâmica) e uma macro que é uma micro e uma micro que é uma matemática. O alto grau de matematização do nosso currículo é comentado inclusive pelos professores ortodoxos com doutorado nos Estados Unidos. Todavia, a maioria dos estudantes, novatos ou veteranos, se declara heterodoxo, por cansar de ver tantas contas no primeiro semestre do mestrado! Aqui, em termos de heterodoxia, há linhas de pesquisa em Macro pós-keynesiana e desenvolvimento regional. Mas senti que a minha área, Economia do Bem Estar Social, está no lado negro da força.
A faculdade é bem organizada (ao contrário da UFRGS). Aqui, os professores divulgam previamente programas de disciplina que incluem, desde a matéria a ser fielmente seguida por eles, a bibliografia e até mesmo os dias de aula, e a recuperação das aulas não dadas. Aqui parece que não vai ter professores que inventam o que vão dar em suas cadeiras e alunos que dão com a cara na porta, tal como ocorria no Sul.
O Daeca faz falta. Aqui, o DA está fechado para férias. E todos os alunos, mesmo de pós-graduação, pagam uma taxa semestral de matrícula para o DA! Se isso ocorresse na UFRGS, gostaria só de ver a reação dos direitosos, sempre prontos a xingar os Daecanos de "stalinistas", de "aparelhadores" ou simplesmente de "vadios"...
Belo Horizonte é uma cidade de geografia realmente pitoresca. O Centro, mesmo sendo poluído, está muito longe de ter a violência de Porto Alegre. Aqui até dá para caminhar de noite, e sem ser o Chuck Norris! E os prédios e lojas não são abarrotados de seguranças privados; aqui, a segurança pública é eficiente, e os policiais são abundantes. Em relação aos bairros residenciais, os que mais lembram Porto Alegre são o Savassi e o Lourdes (apesar do mega-ultra-super templo da Igreja Universal nesse último, inspirado no Partenon Grego; é de assustar!!!). Os bairros ao norte do Centro são de relevo muito, mas muito acidentado. Andar de ônibus é como andar de montanha russa. Eu já cheguei a ficar com o estômago embrulhado ao andar de ônibus por lá. Mas o mais incrível é a estreiteza das ruas: as calçadas não permitem que duas pessoas andem lado a lado, e os carros praticamente passam na frente das portas das casas. O pessoal daqui acha isso perfeitamente normal, mas eu estranhei.
Ainda estou morando no Hotel Normandy, e vou ficar acho que mais um mês lá. Depois me mudo para a "República Gaúcha" da Cedeplar, com os ex-UFRGS Rubens e Bruno, que vieram para cá em 2005. O bairro é Cidade Nova, meio longe do Centro, mas como estava muito difícil de se encontrar um apartamento de um quarto barato razoável para alugar no Centro, aderir à República tornou-se inevitável.
O custo de vida de Belo Horizonte é bem baixo; as coisas são bem baratas por aqui. Num bar, três reais por uma cerveja é considerado caro. O RU custa 2,50, mas tem a qualidade e a limpeza de um restaurante à quilo normal. De noite, dá para comprar pão de queijo (de bom tamanho), ou salgados de padaria, ou então pastéis com caldo de cana, sem gastar muito. Enquanto eu não receber minha bolsa, vou continuar a viver bem economicamente.
E tenho saído todo o final de semana, seja com os amigos do Orkut, seja com o pessoal da faculdade. Já tenho bons conhecimentos sobre os bares e botecos da cidade. E o melhor é que aqui tem bons bares com shows de rock ao vivo, além de pubs para tomar cerveja.
Mas ainda estou em fase de adaptação à cidade. Ainda tenho que aprender a pegar ônibus direito aqui. Os fatos de que todos os ônibus sejam azuis, que mudem de nome conforme a direção de seu trajeto, e que parem em paradas específicas do Centro, vêm me confundido bastante.
Piadas de BH na Desciclopédia (by Izabela):
http://desciclo.pedia.ws/wiki/Belo_Horizonte
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Há 16 horas
3 comentários:
Faltou dizer como é o horizonte aí na cidade.
Qiuer dizer que tu vai ser um Heterodoxo Matemático?
Mas a Matematica que ensinam ai é a Normal ou uma Matematica Heterodoxa? hehehehehehe
Abraço, te cuida velho
"Mas o mais incrível é a estreiteza das ruas: as calçadas não permitem que duas pessoas andem lado a lado, e os carros praticamente passam na frente das portas das casas."
Tuesday, February 06, 2007
"Além disso, as calçadas aqui são bem largas; é possível que uma multidão caminhe sem empurrões."
Wednesday, January 17, 2007
Não entendi. Afinal, são largas ou estreitas? Estava falando de bairros diferentes? Esplique melhor isso. Obrigado
Eu ainda não vi o horizonte de Belo Horizonte. Todos os lados da visão dão para montanhas.
Ah, as calçadas são muito largas no Centro da cidade e muito estreitas nos bairros residenciais. E vi que não tinha ficado muito claro.
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