Ontem, no feriado de 2 de Novembro (Finados), resolvi esquivar-me dos estudos (e também desenferrujar as pernas e o fôlego) e dar uma boa caminhada pela parte mais turística e histórica de Belo Horizonte. Peguei o ônibus na Cidade Nova, bairro onde moro, e desci na Praça da Liberdade, lugar de prédios históricos e clássicos da cidade e do governo estadual (uma versão de primeiro mundo da Praça da Matriz, de Porto Alegre, isto é, sem a sujeira e as pichações).
Desci caminhando pela avenida Cristóvão Colombo até a Savassi, um tradicional bairro comercial composto quase que exclusivamente por lojas, bares e edifícios de escritórios de todas as épocas (desdes os "caixotes" dos anos sessenta até os blocos de granito e vidro contemporâneos). À noite, a Savassi é o ponto principal da boemia belorizontina, com um trânsito bizarro, que só se vê em Porto Alegre na frente de colégios na hora da saída dos alunos. Mas, num dia de feriado, de manhã, estava um lugar bastante quieto e pacífico. Caminhei pela avenida Getúlio Vargas até a Afonso Pena, percorrendo todo o bairro dos Funcionários, um bairro residencial de classe alta.
Pela Avenida Afonso Pena, segui até o bairro das Mangabeiras e a Praça do Papa, onde eu já tinha caminhado no final do semestre passado. Porém, ontem, a paisagem estava muito diferente. Tanto a terra presente nos terrenos e nas calçadas, como as montanhas da Serra do Curral, o paradoxal final da civilização urbana, não estavam da cor vermelho-sangue, como em julho. A terra daqui estava mais marrom, mais parecida com a que eu conhecia em outros lugares. Provavelmente, isso deve-se ao fim da seca que assolou o centro do Brasil durante o inverno, e ressecou até o relevo local.
Do alto da Praça do Papa, pude enfim avistar o belo horizonte que denomina à cidade. O mirante oficial, ao lado do Palácio das Mangabeiras é muito ruim, tanto por causa das árvores que o circundam, e atrapalham a visão, como por causa da aglomeração de vendedores de água de coco (e seus insuportáveis radinhos tocando música brega). Mas, a visão da cidade pelo alto da Praça do Papa é praticamente uma obra de arte, uma pintura paisagística viva, um cartão postal em 3D.
Caminhando por trás da praça, no pé da Serra do Curral, em direção ao Parque das Mangabeiras, pude contemplar a realidade do bairro em que andava. As casas, seja pelo tamanho, seja pelo design, só seriam vistas em Porto Alegre dentro de condomínios fechados. Se não fosse pelas grades e pelas câmeras de segurança abundantes, poderia-se sentir em uma cidade do Hemisfério Norte, com ruas calmas, tranqüilas e arborizadas, crianças andando de bicicleta livremente, praticamente sem trânsito, a não ser por um ou outro carro de luxo.
Entrei no Parque das Mangabeiras e caminhei bastante pelas suas trilhas-estradas de pedra. O parque é bastante curioso, por dentro das trilhas que seguem por paisagens alternantes de floresta e de cerrado, existem inúmeros mirantes (para avistar a cidade ao longe) e quiosques desocupados que as famílias visitantes aproveitam para fazer piqueniques. Ao longo da trilha, vi algumas aves típicas, como, por exemplo, um galo preto, de rabo como de faisão (não sei o nome). Contudo, esperava encontrar os micos do Jardim Botânico, ou mesmo a solitária capivara que vi pastando ao lado da lagoa da Pampulha. Mas o contato com a natureza, por si só, já valeu a pena por toda a caminhada, e a saudade dos tempos de trekking já batia forte demais. Gosto das sobras das árvores, dos ruídos dos pássaros, da visão do ambiente natural e do cheiro de chá provocado pelo contato do Sol com as folhas caídas das árvores mais do que qualquer outra coisa.
Como eu não tinha levado nada para beber no caminho, a desidratação me pegou com força quando estava na metade da trilha, e tive que voltar. Antes de pegar o ônibus para o Centro, bebi meio litro de água de côco como se fosse um único gole.
Outro dia, venho mais preparado para dar conta de todo o trajeto do Parque das Mangabeiras.
Os livros de 2024
Há 17 horas
4 comentários:
tu ja conhece mais BH que POA, hehehhehe
Feriado é sempre uma maravilha!!!!
Cara, acho muito legal esses seus posts com impressões sobre a cidade.
O melhor mirante na região do Mangabeiras não é esse oficial, mas outro, desconhecido e vazio, que fica dentro do bairro, à direita de quem está subindo em direçâo à Praça do Papa. Ele fica perto de uma caixa d´água, numa rua sem construções.
Depois entra no maps.google.com.br e procura "alcides pereira lima, 1050 , belo horizonte"
Na opção "satélite" a setinha verde vai cair bem na esquina da rua que você deve subir. Esse mirante é bem legal porque é bem "vertical", e os prédios começam a menos de 400 metros, parecem estar aos seus pés.
É bom de ir em um fim-de-semana, visitando também a Av. Bandeirantes e o pequeno, mas bonito, Parque JK. É uma área menos turística e mais residencial, mas acho que tem esse clima de "gente na rua" que você parece gostar, pelo que li por aqui.
Apenas para localizá-lo, o mirante fica na parte superior central desta foto, uma rua que sobe em formato "<" com um terreno cercado por muros verdes, ao fim.
http://img67.imageshack.us/img67/1058/mirantegm9.jpg
Da Bandeirantes até aí é uma bela subida, o ideal é ter carro, mas também não é nada impossível hehe
A vista é esta: http://img69.imageshack.us/img69/9914/dsc05512ic0.jpg
mas nenhuma foto transmite como é estar lá... E isso é apenas a visão central, ainda tem mta coisa para a direita e para a esquerda.
ab
Agradeço as sugestões. Estou mesmo precisando conhecer mais a cidade.
Postar um comentário