Encontrei no YouTube esse documentário, filmado em 1999 por João Moreira Salles, que aborda a questão da violência e do tráfico de drogas no Rio de Janeiro. São mostrados os pontos de vista dos traficantes, dos policiais, da comunidade dos morros e das autoridades superiores, cada qual com suas opiniões (e vivências) sobre o tema.
Particularmente, o que mais me chamou a atenção foi a questão levantada pelo então chefe da polícia civil no Rio de Janeiro, Hélio Luz: será que a sociedade brasileira realmente quer uma polícia honesta e não-violenta?
Regulating nicotine is a cat and mouse game
Há 2 horas
Um comentário:
É triste... Dá vontade de chorar... ...
Chorar pelo sangue de um monte de crianças e jovens que morrem todos os dias nessa guerra; morrem para financiar o consumo de drogas no barraco da favela ou na mansão com 5, 6 suítes; morrem para financiar o lucro da fábrica de armas nacional ou internacional.
A guerra tem os traficantes de um lado e a policia do outro. O soldado policial tem a missão de matar o inimigo, abater o maior número de traficantes possível em um confronto; o soldado do tráfico também tem a missão de matar e derrubar o maior número de policiais possível, pois estes são seus inimigos. A diferença está na morte daquele que vai ao chão. Um tem seu caixão coberto pela bandeira verde, o outro não. Na realidade, o outro nunca foi reconhecido como filho desta bandeira.
Alguém pode me dizer que o soldado policial tem uma missão “nobre”, que é defender o estado. Primeiro que matar alguém nunca vai me parecer “nobre”. Depois, sé é para defender o estado, isso implica que os outros não fazem parte do estado, é excludente. E ainda, o soldado traficante também está por uma causa “nobre”, a sua causa, pois o estado tem alguém por ele, e as favelas, quem está por elas?
O menos errado nessa história é o menino que nasceu na favela e viu o tráfico como única forma de sobreviver (paradoxalmente, pois morrer para ele é algo tão próximo quanto ver o sol raiando no outro dia). O miserável não o é por opção, ele também quer comer, vestir roupas boas, morar em uma casa sem goteiras, ele quer até mesmo tomar banho de banheira e andar de Land Houver. Mas, como já disse os Racionais, “na favela não tem empresário pra ele se espelhar”.
Quanto a responder a pergunta “será que a sociedade brasileira realmente quer uma polícia honesta e não-violenta?” Não. Infelizmente a sociedade não quer, pois a policia é violenta só para os excluídos e a polícia honesta cobraria uma honestidade da sociedade, e cá entre nós, a honestidade, que para mim é filosofia de vida, está cada vez mais rara.
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Forte abraço Ricardo.
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