Na quarta-feira, segundo dia de apresentações, acompanhei, pela manhã, a seção sobre metodologia da economia. Contudo, os trabalhos não me pareceram muito bons, ou eu que não consegui acompanhar o raciocínio dos autores muito bem. Minha impressão foi que sobraram ataques ao manistream e faltaram discussões mais técnicas. Mas o professor Gilberto Tadeu Lima (FEA-USP) fez um contraponto mais ortodoxo, e defendeu a formalização das teorias econômicas, como uma instrumento para organizar o pensamento e a análise.
Depois, tive nova palestra com a(o) Deirdre McCloskey, desta vez sobre uma (merecida) crítica ao uso e abuso que os pesquisadores em economia fazem dos métodos econométricos e testes de significância. Também, outra hora eu faço um comentário específico.
À tarde, acompanhei uma seção de Macroeconomia, chamada de “Política Monetária e Metas de Inflação”. Nessa seção, o Cleomar Gomes da Silva (FGV-SP) iniciou com um teste empírico sobre a possibilidade de existência de custos de menu provocando rigidez de preços na economia brasileira. Segundo o autor, não há indícios significantes sobre a presença de custos de menu, e o que mais provoca rigidez nominal no país são os preços administrados pelo governo. Uma conclusão bastante novo-clássica, é bom observar, e eu senti falta de um contra-ataque keynesiano (novo ou pós) logo em seguida, na discussão. Contudo, para variar, o debate envolveu apenas questões de métodos econométricos, do tipo “por que não rodar mais um teste?”. Depois, a Adriana da Cruz (UFF) modelou e testou o impacto da maior transparência do Banco Central ao adotar a política de metas divulgadas sobre a melhoria dos indicadores macroeconômicos do Brasil a partir de 1999. Trabalho muito bem construído, mas passível de discussões teóricas (não vi um controle sobre o ambiente econômico internacional antes e depois de 1999, o que me parece tão importante quanto as metas de inflação). Porém, novamente, as discussões se limitaram aos pontos mais técnicos. Por fim, o Gabriel Montes (UFF) apresentou um modelo novo-keynesiano de política monetária e equilíbrio de curto prazo, envolvendo curvas IS, LM e de Phillips com expectativas racionais, e política monetária com moeda endógena (o governo afeta a taxa de juros, e não a base monetária). É um tema que me interessa muito, e eu gostei da apresentação.
Em seguida, acompanhei a seção “Pobreza e Desigualdade de Renda”. Nessa seção, o Vítor França (FGV-SP) apresentou um modelo empírico sobre o impacto no emprego público sobre a desigualdade intra-municipal no Brasil. Para a estimação, o autor utilizou como variável instrumental para o emprego público se o município cumpriu ou não a Lei de Responsabilidade Fiscal ao longo do período de análise. A conclusão foi que os municípios mais gastadores, supostamente com mais funcionários públicos, tinham maior concentração de renda pessoal do que os demais. Contudo, foi muito criticada pela banca examinaora a possibilidade de endogeneidade desse instrumento. Depois, meu ex-colega da UFRGS Rafael Ribas (IPC/UNDP) apresentou um trabalho sobre a dinâmica da pobreza, isto é, sobre a entrada e saída de famílias abaixo da linha de pobreza. De acordo com o trabalho, quanto mais tempo uma família fica abaixo da linha de pobreza, maior e a possibilidade de permanecer nela, e isso tem suas causas na estrutura do mercado de trabalho. Por fim, o Marcelo Neri (EPGE-FGV) apresentou sua pesquisa sobre a decomposição dos elementos mensurados no mercado de trabalho brasileiro. Muito técnico e complexo. Mas foi bastante engraçado ver o constrangimento do jovem mestrando da FGV-SP ao ter que criticar o trabalho do tão famoso economista da FGV. Na verdade, vieram mais elogios do que críticas.
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