De sábado retrasado (1/12) até o fim-de-semana passado (8/12) estive fora de BH, participando do encontro nacional dos cursos de pós-graduação em economia, acontecido em Recife, Pernambuco. O encontro propriamente dito durou não mais de três dias, mas o pacote completo de viagem, oferecido pelo Cedeplar-UFMG, proporcionou aos alunos uma semana inteira para aproveitar, tanto academicamente como turisticamente, o evento.
Chegamos em Recife no dia 1 de dezembro, às 6 horas da tarde. Era noite escura (no Nordeste, o pôr do sol é, em média, às 17:30). Após deixarmos as malas no hotel Onda Mar, um três estrelas muito limpo e agradável, fomos caminhar no calçadão da praia de Boa Viagem, a mais famosa da cidade, e próxima ao hotel. Jantamos comida típica numa feira popular próxima à praia. Eu comi duas tapiocas (um tipo de pastel feito com farinha de mandioca assada, de cor branca e sem gordura) de carne-de-sol com queijo coalho, a R$ 2,50 cada. Confesso que gostei bastante dessa iguaria, que se tornou uma das minhas principais fontes de alimentação em toda a viagem. Depois disso, fomos tomar cerveja em um bar em uma rua atrás do hotel, e ficamos até uma onze horas da noite.
No dia seguinte, acordamos cedo e alugamos uma van para nos levar ao Porto de Galinhas, uma praia turística paradisíaca localizada a uns 100 km ao sul de Recife. Ficamos em uma pousada-albergue muito boa e barata (30 reais a diária) lá, no domingo e na segunda-feira. No domingo, passamos o dia inteiro na praia. O mar, fechado e sem ondas, é de uma cor verde-transparente que eu só tinha visto em filmes. A temperatura da água é tal que dá uma sensação de frio quando se sai dela. Além disso, como ainda era época de baixa estação de turismo, pudemos desfrutar de maior limpeza e privacidade. No final da tarde, andamos de jangada e fizemos mergulho, observando os peixes (uma espécie só, pequena e zebrada) no fundo do mar. Só saímos da praia após o pôr do sol, às cinco e meia da tarde. Após isso, pagamos nossa extensa conta de bebidas e petiscos no quiosque local e fomos tomar banho na pousada para depois sair para jantar. Jantamos em um restaurante simples, de preço mais acessível. Após isso, caminhamos pela cidade do Porto de Galinhas em procura de alguma forma de diversão noturna. A cidade é tipicamente uma praia turística: consiste basicamente de lojinhas de artesanato local, bares, lancherias e restaurantes, alguns armazéns, e pouquíssimos indícios de habitações residenciais. Contudo, exatamente por ser um período de escassa população turista, não encontramos nenhum lugar de consenso para fazermos nossa noite. Por isso, acabamos por comprar bebidas em um armazém e passar a noite em um salão da pousada jogando conversa fora, madrugada adentro. Contudo, acordamos cedo no dia seguinte para aproveitar mais um dia de praia.
Na segunda-feira, saímos da pousada às oito da manhã e caminhamos cerca de uma hora e meia na areia, até chegar em outra praia próxima a Porto de Galinhas. Essa praia era afastada, com menor público, com uma faixa de mar aberto com ondas fortes, e uma piscina natural paralela ao mar, formando uma pequena baía. Novamente, habitamos um quiosque e passamos o dia inteiro lá. Mesmo sendo um ponto turístico, o custo de alimentação é muito baixo lá. Cada cerveja custava 3 reais a garrafa, um valor próximo dos botecos de BH, e muito abaixo dos bares da Lima e Silva, em Porto Alegre. O almoço custou uns 12 reais para cada um, e sua qualidade (peixe assado com arroz, farofa e aipim, macaxeira no dialeto local, frito) era excelente. Voltamos para Recife às 5 da tarde. Tomamos banho no hotel e saímos para jantar. Meus amigos sugeriram ir comer churrasco de bode, um prato típico do Nordeste. A carne não era ruim, um pouco mais amarga e macia que a carne bovina, mas confesso que os meus colegas apreciaram a iguaria mais do que eu. Não sei se foi por isso, ou pelos litros e mais litros de cerveja que eu tinha tomado nos quatro dias anteriores, mas naquela noite eu passei muito mal. Acabei não podendo sair com meus colegas na noite, e preferi dormir cedo para me garantir inteiro para o início das atividades acadêmicas no dia seguinte. Mas, pelo bar em que meus amigos foram, que eu conheci no dia posterior, não perdi muito. A partir desse dia, comecei a controlar bastante minha alimentação, e sobretudo, minhas ingestões líquidas.
Na terça-feira, acordei às sete da manhã e fui para o encontro da ANPEC, realizado em um hotel de luxo (Mar Hotel) a umas cinco quadras do hotel em que estávamos hospedados. Lá, participei das sessões voltadas a minha área de pesquisa – Economia Social com ênfase em desigualdade, pobreza e educação – alternando com minhas áreas de interesse por hobby (Macroeconomia, Metodologia e HPE). Encontrei antigos colegas, o André e a Daniela (EA-UFRGS), e professores (Marcelo Portugal, André Cunha e Octavio Conceição). À noite, a ANPEC realizou um coquetel com comída e shows de danças típicas. Após isso, fomos para o bar que minha turma tinha ido na noite anterior, o “Bar do Bode”, próximo ao Mar Hotel. Porém, graças ao calor local, superado apenas pelo calor da cerveja, não conseguimos ficar muito tempo lá.
Na quarta-feira, após as apresentações de trabalhos, fomos à noite para o centro histórico da cidade, o “Recife Antigo”, localizado em uma ilha na confluência dos principais rios que percorrem a cidade e o mar. O centro histórico é uma área de imenso valor histórico, com construções centenárias. Contudo, a quase inexistência de policiamento no local nos deu uma sensação de insegurança, e evitamos passeios demorados pelas ruas. Entramos em um shopping de luxo, localizado no local sem nenhum aviso publicitário, no qual nos encontramos com outros amigos, e fomos a um bar em um beco próximo. A óbvia escasssez de higiene do local assustou um pouco nossas amigas, e resolvemos ir a um outro lugar ali perto, um pub de inspiração britânica, tocando rock ao vivo, chamado “Downtown”. Esse lugar era um pouco mais caro que os demais pontos da cidade que eu conheci, mas essa foi a melhor noite que fizemos juntos em Recife. As bandas eram boas e agradaram a todos. Voltamos de madrugada para o hotel, e acordamos cedo no dia seguinte.
Na noite de quinta-feira, após as últimas apresentações, a ANPEC ofereceu uma festa de encerramento aos participantes, em um hotel ainda mais fino do que naquele onde o encontro foi realizado: foi no Hotel Atlântico, na beira da praia de Boa Viagem. A festa, certamente, foi bastante chique: garçons engravatados não pararam de distribuir bebidas e iguarias locais, e a organizção e decoração do lugar estavam impecáveis. Todavia, a partir da uma hora da manhã, a bebida acabou, o som desligou, e os garçons começaram a recolher os pratos e copos e limpar o chão. Um claro sinal de que a festa, prematuramente para todos, estava acabada. Fomos, quase todos, caminhando de volta para o nosso hotel. No dia seguinte, pudemos acordar mais tarde.
Na sexta-feira, acordei às oito e meia da manhã, tomei café no hotel, e em seguida, fui com um colega conhecer Olinda, uma cidade histórica localizada ao norte de Recife. Olinda tem uma arquitetura pitoresca, própria da colonização lusitana de séculos passados, com casas semelhantes e coloridas. Contratamos um guia turístico local para nos levar aos lugares mais visitados. Entramos em igrejas de quase quinhentos anos e tiramos muitas fotos. Devido à forte irradiação de calor provocada pela pavimentação das ruas (feita com pedras pretas chamadas de “cabeça de negro”), ficamos exaustos rapidamente, mesmo tomando várias doses de água de coco para hidratação. Voltamos para Recife no início da tarde. Sozinho, eu almocei no Habbibs ao lado do hotel, e dormi a tarde toda, para repor as energias. À noite, jantamos novamente (pela terceira ou quarta vez, eu acho) tapioca na feira popular, e fomos para uma tradicional casa de música regional, a “Sala de Reboco”, na periferia da cidade. O lugar é bastante rústico, porém bem organizado: ao lado da pista de dança, estão uma grande quantidade de mesas e cadeiras, para todos aqueles que, como eu, divertem-se mais com as atividades de beber e de conversar do que propriamente de dançar. Mas o calor do lugar era demais. Suei a ponto de perder peso. Mas, pelo menos, tinha cerveja Bohemia barata para me refrescar, o que elevou muito meu ânimo. Voltei para o hotel de taxi com meus colegas às 3 da manhã.
No sábado, pude acordar mais tarde (9 da manhã), tomei café no hotel e apenas caminhei na praia, tirando fotos com meus amigos. Fomos para o aeroporto às 11 da manhã e embarcamos no avião às 2 e meia da tarde. Cheguei na minha república, em BH, no início da noite, e só tive o tempo de desfazer as malas e jantar uns cachorros-quentes entes de desabar na cama e dormir tudo o que eu não pude em toda a semana anterior.
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Um comentário:
e ae, gostou da retórica da McCloskey ? hehehehehe
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