Atendendo a alguns pedidos, volto a mandar notícias da atual fase da minha vida profissional-acadêmica. Passei as duas últimas semanas em Porto Alegre, aproveitando as férias de fim-de-ano com minha família. Consegui rever alguns amigos do tempo de graduação, alimentar os bichinhos do lago do Parcão com pão velho, alimentar a mim mesmo com "junk food" típica e tirar fotos das ruas da cidade, como sempre faço. Porto Alegre estava como o esperado para essa época do ano: quente e abafada na maior parte dos dias, talvez até mesmo mais do que a média histórica para o final de dezembro. Pior que o calor, era o mormaço, como todos dizem. O céu era quase sempre branco de vapor da água do Guaíba, acho que não fez cinco dias de sol nas últimas semanas. Além disso, a cidade estava meio vazia devido à migração sazonal para as praias, o que deixou a cidade mais silenciosa e tranqüila para descansar.
Cheguei em Brasília ontem à noite, e retornei ao trabalho no IPC-IG-UNDP hoje de manhã. No momento, estou trabalhando no projeto UNIFEM 1, que consiste, basicamente, em reproduzir o trabalho "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça", do IPEA, para outros países da América Latina. Atualmente, tenho trabalhado com a Guatemala. A pesquisa envolve muitas operações com micro-dados, isto é, meu serviço consiste basicamente em abrir bases de dados individuais e domiciliares cruas e calcular os indicadores econômicos e demográficos solicitados. Quaisquer dúvidas sobre os dados, tenho que consultar a documentação disponível na internet, os questionários aplicados à população, ou em último caso, contato direto com a Embaixada. O trabalho é muito extenso, são muitos indicadores para calcular, montar gráficos e analizar, mas até agora não envolveu nenhum método econométrico mais avançado. Esperamos que tudo seja concluído em um mês.
Assim que saírem os resultados finais, pretendo publicar aqui no blog. Em relação aos resultados parciais, posso adiantar que, comparando a situação brasileira com a dos indígenas guatemaltecos, conclui-se que em terra de cego, tal como a América Latina, quem tem olho é rei. Alguns dados deles são estarrecedores, mesmo para pessoas já acostumadas a lidar com indicadores de pobreza no caso brasileiro. Tipo assim, a taxa de analfabetismo das mulheres indígenas idosas ultrapassa os 90%.
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Há 50 minutos
Um comentário:
Ricardo, descobri seu blog meio por acaso e gostei muito. Admiro muito ver pessoas sensatas, praticando alto grau de racionalidade sobre o que pensa, como você. Isso num país de gente emotiva, dada a cultivar crenças em vez de conhecimento cientifico, é motivo de festa. Aprovei sua avaliação do liberalismo e penso que você botou o dedo na ferida dessa doutrina ao destacar seu reducionismo como evangelho. Eu me considero anti-estatista e vejo o Estado como o Problema da sociedade e não como a solução dos problemas da sociedade. Mas, posturas ideológicas não ajudam quando queremos entender o mundo e não interpretá-lo. Vou seguir seu blog com prazer.
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