Analisando alguns indicadores macroeconômicos, a trajetória da economia brasileira no futuro próximo independenderá de quem for eleito presidente. Acredito que a primeira medida de qualquer um que ocupe o governo será a contenção fiscal e monetária.
Explicando melhor, diante da crise financeira de 2008, o governo brasileiro dez uma política fiscal bastante agressiva - e correta a meu ver dadas as circunstâncias. Só que, aparentemente, os impactos dessa crise foram superestimados para o país, de modo que o resultado da política foi um superaquecimento da demanda doméstica e um over-gasto público, elevando a dívida bruta do governo. Além disso, optou-se por não fazer o ajuste fiscal no ano eleitoral, certamente para não prejudicar a Dilma e os candidatos aliados nas eleições subnacionais. Para não deixar a inflação ficar acima da meta, já que se acelerou no início desse ano, o Banco Central deu uma breve elevada nos juros.
Porém, o resultado de todos esses fatores - política fiscal expansionista, aquecimento da demanda efetiva - potencializados pela grande expansão do crédito, é o crescimento da demanda por importações. E como os mercados consumidores das nossas exportações ainda estão em crise (EUA e Europa, já que a China continua comprando minério de ferro da Vale), vejo um déficit eminente do balanço de pagamentos do Brasil para o ano que vem. A solução mais fácil para qualquer candidato é a restrição da demanda efetiva interna, com aumento dos juros, restrição ao crédito ao consumidor e corte de gastos públicos. Essas políticas elevarão o desemprego e reduzirão o consumo das famílias (as únicas variáveis que considero realmente importantes para explicar a popularidade de um governo no Brasil). Com um governo de menor popularidade, o espaço para uma "Venezuelização do Brasil", tal como é temido pelos blogueiros tucanos e libertários, enfrentará maiores resistências por parte da sociedade.
Por outro lado, há o risco da Dilma mandar o Meirelles embora, colocar algum economista alternativo no Banco Central e manter as atuais políticas expansionistas. Para isso, ela poderia combater o problema na balança de pagamentos por meio de controle quantitativos às importações, o que seria a pior escolha possível de ser tomada. Mas acho isso pouco provável devido a dois fatores: primeiro, a mudança dos rumos da política monetária causaria pânico (mas não igual a 2003) nos mercados financeiros, causando fuga de capitais e deteriorando ainda mais o balanço de pagamentos; segundo, a política de fechamento do país às importações teria um impacto negativo sobre o consumo das famílias ainda pior do que a restrição de crédito, causaria concentração de renda, e seriam muito difíceis de serem eliminados em um posterior período de crescimento, já que criariam grupos de interesse político.
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Há 15 horas
2 comentários:
E aí Ricardo!
Sou o Gilberto do Blog Porto Imagem.
Coloquei o teu blog nos links do Porto Imagem. Muitos assuntos interessanrtes, principalmente aquele do mapa da pobreza de Porto Alegre.
Muito bom o teu blog !
Parabéns e continua sempre alimentando ele com matérias e comentários ótimos.
Abraço!
E aí, Gilberto!
Abrigado pelos elogios!
Acompanho o Blog Porto Imagem há mais de dois anos. É minha principal fonte de notícias de minha cidade natal, Porto Alegre. Parabéns pelo trabalho!
Abraço,
Ricardo
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