Nesses últimos dias, li um artigo interessante do Paul Davidson (University of Tennesse at Knoxville), que procura diferenciar a noção de desemprego involuntário nas três principais escolas da macroeconomia que se inspiraram na teoria de Keynes, desenvolvida na década de 30.
Por um lado, os velhos keynesianos (ou síntese neoclássica da macroeconomia keynesiana, ou neokeynesianos), assim como os novos-keynesianos, aceitam alguns dos pressupostos keynesianos de presença de desemprego involuntário e de ação positiva da demanda agregada sobre a produção. Os mecanismos que estão por trás desses fatores, em ambos os casos, no entanto, partem das noções neoclássicas de market-clearing. Assim, haveria um ajustamento nominal imperfeito de preços e de salários na economia frente a choques exógenos de demanda, fazendo com que o ajuste do mercado de trabalho ocorresse via demissões, e não ajustes salariais.
Para os velhos keynesianos, a rigidez nominal seria resultado de um problema de ajuste de tempo físico entre o choque de demanda, a percepção dos empresários e a decisão e a ação de ajustar os preços.
Para os novos keynesianos, adeptos da teoria das expectativas racionais, o problema seria conseqüência da própria organização industrial dos mercados. Haveriam incentivos, como a existência custos de menu e salários-eficiência, para que os produtores escolhessem, frente a choques exógenos de demanda, ajustar o volume de produção do que os preços, com resultados macroeconômicos, no agregado.
Por outro lado, os pós-keynesianos, considerados mais fiéis aos postulados da Teoria Geral de Keynes, argumentam que o problema da rigidez nominal não é um problema propriamente keynesiano, mas foi desenvolvido por Alfred Marshall, como um caso especial de sua teoria do market-clearing. O desemprego involuntário seria conseqüência, na verdade, da elasticidade nula de produção dos ativos líquidos, em comparação com os bens físicos. Segundo Keynes, a presença de incerteza não-ergótica faz com que os agentes econômicos mantenham uma preferência pela liquidez positiva, isto é, mantenham parte de sua riqueza na forma de dinheiro ou ativos financeiros de alta liquidez (os pós-keynesianos contemporâneos associam esses ativos à especulação finacneira). Porém, como os mercados financeiros não são trabalho-intensivos, os recursos dirigidos para eles acabam deixando de empregar trabalhadores na produção de bens e de serviços. Por isso, a simples alocação de recursos na economia (isto é, o consumo) não seria capaz de manter o pleno-emprego, de modo que o volume total de emprego seria determinado pelas decisões das empresas de investir, e isso dependeria de expectativas exógenas e imperfeitas sobre o lucro futuro.
O texto é bastante simplificado, mas dá um bom insight sobre um tema bastante debatido, mas nunca muito bem esclarecido pelos autores.
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Há 16 horas
3 comentários:
bastante interessante o texto..
abraços
Fernando Gonçalves
Qual o artigo do Paul Davidson?
Aquiles,
Olha aqui:
http://books.google.com/books?hl=pt-BR&lr=&id=EZs_8OdY8c8C&oi=fnd&pg=PA15&dq=paul+davidson+unemployment+%22new+keynesian%22+autor:p-davidson&ots=OLDeOVyjsH&sig=42AkueHmSQTsBit7Alp2pQ4KEIE
Não sei se o artigo é exatamente esse, mas as idéias são as mesmas.
Abraço
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