segunda-feira, janeiro 16, 2006

O Escaravelho de Ouro e Outras Histórias - Edgar Allan Poe

No entanto, assim como acredito que minha alma está viva, acredito também que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano - uma das faculdades, ou sentimentos, primárias e indivisíveis que dão a direção do caráter do Ser Humano. (POE, "O Gato Negro")

Edgar Allan Poe, escritor norte-americano, é considerado o maior escritor de terror da história da literatura mundial, e não sem razão. Influenciou profundamente autores do porte de Arthur Conan Doyle!

Poe viveu de 1809 até 1849, vitimado provavelmente por uma overdose de ópio, tendo, cronologicamente, pertencido à segunda geração romântica, ou geração byroniana. Desse modo, o culto ao sinistro, ao sombrio e à morte é um dos aspectos mais fortes encontrados na obra do autor, que se consagrou por narrar na forma de contos (apesar de ter algumas poesias igualmente famosas).

Sua narrativa é sempre em primeira pessoa, com destaque especial às descrições, explicitadas como impressões do personagem principal aos acontecimentos e ao ambiente de cada história. As descrições detalhadas podem tornar o vocabulário dos textos um quento complexo, quando comparado com outros contistas de mesmo estilo, porém, são o essencial de cada enredo. Isto é, o que torna realmente assustadoras algumas das histórias de Poe não são as ações dos personagens, mas sim o próprio ambiente que os envolve (como é o caso de "A Queda da Casa de Usher"). Em outros contos, como "Conversa com uma Múmia", o terror dá espaço a um senso de humor sarcástico, quebrando o aspecto mórbido de sua obra.

Contudo, mesmo caracterizado como um romântico byroniano (minha colocação pessoal, não sei nem mesmo se a história da literatura internacional pode ser organizada da mesma forma que a literatura brasileira), Poe adianta o racionalismo (mais próprio do Real-Naturalismo) em suas histórias fantásticas: por exemplo, mais impressionante do que a caça ao tesouro em "O Escaravelho de Ouro" é a metodologia científica que o personagem Legrand estabelece para solucionar o mistério e desvendar o mapa cifrado do tesouro. Já em "Manuscrito Encontrado em uma Garrafa", o autor desenvolve uma narrativa a partir da teoria, popular em sua época, de que os oceanos desaguam em buracos subterrâneos nos pólos, chamados pelos geógrafos da época de "Golfos Polares". A fantasia da história de Poe não é maior do que a dessa teoria absurda!!!

"O Barril de Amontillado", famoso conto contido no livro, descreve um plano de assassinato de um nobre italiano por outro, com destaque para a descrição dos ambientes (uma peculiar adega-cemitério subterrâneo) e ao método curioso de execução do plano. Já "O Gato Negro" e "A Máscara da Morte Escalarte" são terror em estado puro, recomendável apenas a quem tem nervos de aço (não é exagero, a ansiedade que tais contos despertam nos leitores é impressionante).

Por fim, um ponto interessante na obra de Poe é o fato de que todos os personagens principais, narradores das histórias, são pessoas de personalidade bastante semelhante: são sempre pessoas intelectualizadas, com profundo interesse sobre psicologia e filosofia (até mesmo o bêbado assassino de O Gato Negro), e que buscam explicações racionais para todos os atos que executam e fenômenos que presenciam. Ou seja, Poe, na década de 1830, já parecia estar adiantando o espírito do homem vitoriano.

3 comentários:

Anônimo disse...

Os contos tbm são maravilhosos...

Anônimo disse...

Cade os contos hein nao achei

Anônimo disse...

Cade os contos hein nao achei